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Exposição a altos riscos econômicos, frustrações constantes por fatores que independem do trabalho das pessoas, isolamento geográfico, o que dificulta o acesso a serviços básicos, baixo nível educacional. Todos esses fatores pesam contra a saúde mental daqueles que trabalham no campo.

"Tudo isso gera estressores que são muito particulares do ambiente do campo e pouca atenção tem sido dada a essas pessoas. Na contramão dessa pequena atenção, a gente vê crescer nos últimos anos, as taxas de adoescimento mental. Por isso, nunca foi tão importante, principalmente agora, nesses tempos pandêmicos e pós-pandêmicos, a gente olhar para a população do agronegócio de maneira mais assertiva", alerta Bruno Shiozawa, CEO da Jungle, em entrevista à Globo Rural. (assista ao vídeo, abaixo)

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Pesquisas realizadas com trabalhadores de campo em várias partes do mundo, incluindo o Brasil, mostram que as vulnerabilidades de pessoas que atuam nesse setor, especialmente das que trabalham diariamente no campo, são maiores que a da população urbana. Por outro lado, relações familiares muito fortes presentes no campo podem mitigar ou ajudar no tratamento preventivo de problemas psicológicos.

(Foto: GPTW/Globo Rural)

 

Shiozawa faz um alerta: saúde não é apenas a ausência de doença, mas um estado de bem-estar, pelo qual cada pessoa pode desenvolver suas potencialidades e alcançar seus objetivos. Ele ressalta, no entanto, que os estudos sobre saúde mental dos trabalhadores no Brasil não tem dado a devida atenção a quem está no meio rural, apesar da importância da atividade para a economia brasileira.

"A população do campo não é uma população que está protegida dos quadros mentais ou dos estressores do dia a dia. Nós achamos que o estresse vem dos grandes centros, que é coisa do trânsito das grandes cidades, que burnout é coisa de quem tem que pegar metrô. Não. O trabalhador rural está muito, muito exposto a diferentes estressores. Tanto é que o índice de saúde mental no campo não são tão melhores que os da cidade", afirma.

Shiozawa destaca ainda que, entre a população rural, assim como na urbana, há casos de depressão, transtornos de ansiedade, o que pode levar também ao alcoolismo ou até mesmo a casos de suicídio. Segundo ele, durante a pandemia, houve um aumento de quatro vezes na ocorrência de sintomas comportamentais que indicam alguma vulnerabilidade na saúde mental, como insônia, irritação e falhas de memória.

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Na população rural, diz ele, de 35% a 40% dos funcionarios de empresas do agronegócio apresentam algum tipo de transtorno mental, algo que ele considera muito alto e similar ao que é visto em grandes centros urbanos. "Nos últimos dois anos, algo que veio aumentando no país, principalmente no meio rural, foi o uso de cigarro e de álcool, que vinah decrescendo nas últimas décadas. Aumenta das taxas de suicídio e dos quadros de ansiedade", explica.

Bruno Shiozawa ressalta, no entanto, que a maior parte dos transtornos mentais são preveníveis e tratáveis, possibilitando o retorno a uma vida normal. Algumas atitudes podem ajudar, especialmente na prevenção. Uma é manter uma atividade complementar; outra é estar próximo de pessoas, como familiares e amigos; hábitos como prática de atividade física e boa qualidade do sono também são importantes; e, quando não se sentir bem, pedir ajuda.

"Converse com um familiar, um colega, o gestor, na unidade básica de onde você mora. Peça ajuda. Passe por um avaliação. Isso pode ser muito importante para a prevenção e tratamento dos transtornos. A maior parte deles é facilmente tratável e a pessoa volta para o jogo de cabeça erguida", diz ele.

Dr. Bruno Shiozawa: "a maior parte dos transtornos mentais é facilmente tratável. Procure ajuda" (Foto: Reprodução)

 

 

 
Source: Rural

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