Cerca de 85% da demanda brasileira por fertilizantes é atendida por meio da importação, de acordo com a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Diante da alta dos preços desde o ano passado, somado à guerra entre Rússia e Ucrânia, ficou evidente que a dependênia no campo precisa ser reduzida a fim de assegurar o andamento das commodities de segunda safra.
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Eder Martins, pesquisador da Embrapa, sobre pó de rocha, em Abadiânia (GO) (Foto: Araci Molnar Alonso/Embrapa Cerrados)
Enquanto a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e entidades de classe com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) tentam tranquilizar os produtores quanto ao abastecimento para a safra 2022/2023, quem está no campo procura alternativas para não ser pego de surpresa ainda mais perto do plantio.
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Fazer render o adubo químico através da aplicação racional é o primeiro passo, bem como ter em mãos a análise e o diagnóstico do solo para ter certeza da quantidade a ser depositada no solo. Ainda assim, cultivares que ajudam a fixar nitrogênio, os adubos organominerais e o pó de rocha são opções para diminuir a dependência do produtor.
Veja a seguir alternativas ao fertilizante convencional, sem esquecer de consultar um profissional agrônomo para que a substituição realmente seja eficaz.
Reminaralizadores
O manejo com remineralizadores se trata do uso de minerais naturais, a exemplo do gesso mineral gipsita e algumas rochas silicáticas e fosfáticas. Nesta categoria, encontra-se o pó de rocha.
Suzi Huff, geóloga, professora da Universidade de Brasília (UnB) e membro da diretoria da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), diz que a produção deste pó cresce anualmente no Brasil. "A gente pode atender a demanda dos produtores de forma regionalizada, assim barateando também os custos", diz.
De acordo com ela, há 29 empresas que produzem remineralizadores no País já com a aprovação do Ministério da Agricultura. Eles estão distribuídos em 10 estados, conforme mostra o mapa abaixo.
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Mapa mostra localizacão dos produtores de remineralizadores no Brasil. Reprodução/Fonte: Theodoro, S. H; Manning, D. A. C; Carvalho, A. M. X; Ferrão, F. R; Almeida, G. R. (2022) Soil remineralizer: a new route to sustainability for Brazil, a giant exporting agromineral commodities)
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Fixadores de nitrogênio
O nitrogênio é essencial na produção das culturas por ser responsável pelo crescimento e vigor da planta, exercendo função em todo o metabolismo vegetal. Por isso, utilizar cultivares forrageiras com boa fixação de nitrogênio pode ser uma alternativa para garantir que o elemento esteja em boas condições no solo e, por consequência, atinja toda a vegetação até a parte aérea. Segundo a CropLife, plantas saudáveis costumam apresentar de 3% a 4% de nitrogênio em seus tecidos acima do solo, concentração mais elevada em relação a outros nutrientes.
Ilustração mostra como acontece fixação de nitrogênio no solo (Foto: Divulgação/CropLife)
Fertilizantes orgânicos
Dejetos de animais, compostos orgânicos e vinhaça são subprodutos muitas vezes desperdiçados no dia-a-dia da fazenda. No entanto, eles também podem se tornar fertilizantes orgânicos com potencial de aplicação de larga escala. Ainda assim, a liberação dos nutrientes tende a ser mais demorada, se comparada ao adubo convencional. Por isso, no caso da substituição, o produtor precisa estar atento ao planejamento do manejo, considerando processos naturais de mineralização por meio dos microrganismos.
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Source: Rural