A Associação que representa a indústria de fertilizantes do Canadá pediu para o governo adotar medidas para encerrar a greve dos trabalhadores de uma das principais companhias ferroviárias do país. Em comunicado, a Fertilizer Canada alertou que as consequências para o transporte e o abastecimento do setor agrícola pode ter "efeitos devastadores" sobre a agricultura e a economia canadense.
"Embora a Fertilizer Canada respeite o processo de negociação coletiva, chegamos a um ponto em que o governo deve agir com urgência. Todos os dias importam quando se trata de intervenção governamental para acabar com a paralisação", diz o comunicado divulgado pela entidade.
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Depósito de potássio. Canadá é um importante produtor desse tipo de nutriente e um dos princpais fornecedores do Brasil (Foto: Reuters)
A paralisação atinge a Canadian Pacific Railway. O Teamsters Canada Railway Conference, entidade que, segundo seu site oficial, representa cerca de 125 mil trabalhadores do setor, comunicou o início da paralisação no último sábado, dia 19 de março. Na semana anterior, a entidade comunicou que cerca de 3 mil trabalhadores haviam aprovado a paralização.
"Enquanto os canadenses enfrentam uma pandemia sem fim, a explosão dos preços das commodities e a guerra na Ucrânia, a transportadora ferroviária está adicionando uma camada desnecessária de insegurança, especialmente para aqueles que dependem da rede ferroviária", diz a entidade, em comunicado, ressaltando que o impasse dos trabalhadores com a empresa envolve questões como salários e pensões.
Não foi a primeira manifestação do setor a respeito de possíveis efeitos da paralisação dos ferroviários. Antes do movimento ter início, logo depois da aprovação pelo sindicato que representa os trabalhadores, a Nutrien, uma das maiores produtoras de fertilizantes do mundo, pediu medidas ao governo para evitar que uma greve ocorresse.
Ferrovias levam 75% do fertilizante do Canadá
No comunicado, divulgado no último domingo (20/3), Karen Proud, CEO e presidente da Fertilizer Canada alerta para o risco de interrupção da cadeia de suprimentos. Destaca que cerca de 75% dos fertilizantes do Canadá são transportados por ferrovia e a paralisação dos trabalhadores está sendo realizada no momento do plantio de primavera.
De acordo com a entidade, a produção agrícola do Canadá já vem de um ano de rentabilidade menor. E melhorar o rendimento das colheitas deste ano é fundamental, em um cenário de risco à segurança alimentar que tem sido agravado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que já dura mais de 20 dias.
"Nossos membros disseram que estarão a dias de reduzir a produção e fechar as instalações após uma paralisação do trabalho, impactando os trabalhadores canadenses, a economia e a segurança alimentar. Após a ocorrência de uma paralisação ferroviária, pode levar até um mês para que os serviços retornem à capacidade total", diz o comunicado.
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A indústria de fertilizantes canadense cobra do governo também ações de longo prazo. Diz que, ao menos desde 2019, as empresas do setor lidam com paralisações em ferrovias e portos.
"Nossas empresas associadas operam em um mercado global e precisam de um sistema de transporte que não esteja sob ameaça de interrupção a cada dois anos. Não há outro meio de transporte alternativo que atualmente tenha capacidade ou possa ser colocado em operação a tempo de mitigar o impacto da paralisação do trabalho", diz a entidade.
Canadá é um dos principais fornecedores do Brasil
O Canadá é o segundo maior fornecedor de fertilizantes do Brasil. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia, o mercado brasileiro importou dos canadenses o equivalente a US$ 1,1 bilhão no ano passado, atrá apenas da Rússia, com US$ 2,2 bilhões. Em seguida, aparecem China (US$ 706 milhões) e Marrocos (US$ 687 milhões).
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Em valor de mercado, a Nutrien é a maior empresa de fertilizantes do mundo. A companhia vale US$ 52,3 bilhões. Em seguida, aparece a Wesfarmers, com US$ 40,7 bilhões em valor de mercado, seguida pela Safco, da Arábia Saudita, com valor de mercado de US$ 23,3 bilhões. A americana Mosaic, quarta maior do mundo, tem valor de mercado de US$ 22 bilhões.
Source: Rural