Usina de etanol de milho em Lucas do Rio Verde (MT). Indústria tem visto competitividade do combustível cair (Foto: Rogerio Albuquerque)
Os produtores de etanol de milho sofrem com a queda na demanda do biocombustível devido às medidas de restrições de circulação por causa do coronavírus. O baixo preço do barril de petróleo também afeta a competitividade do combustível de milho e pode adiar a inauguração de usinas previstas para esse ano, de acordo com representantes do setor.
Em março, havia sido inaugurada uma usina em Mato Grosso, com a capacidade para produzir 530 milhões de litros. Outras três unidades estão previstas para começar a operar até o fim de 2020, também no Estado, o que adicionaria uma capacidade anual de 800 milhões de litros.
A situação agora é de incerteza. “A iniciativa de iniciar uma operação pode ser retardada mediante o cenário. A hora que estiver pronto, vamos analisar: dar início em 2020 ou esperar o restabelecimento da demanda? Será um avaliação individual de cada empresário”, afirmou Guilherme Nolasco, presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).
Na quinta-feira (24/4), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou o crescimento de 850 milhões de litros (107,4%), totalizando 1,64 bilhão de litros do biocombustível produzidos a partir do cereal na safra 2019/2020, maior volume da história. No relatório, a Conab entende que há um avanço "considerável" na construção de novos empreendimentos, bem como no estudo para implantação de suas capacidades atuais.
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“O menor custo de produção do etanol à base de milho, a crescente produção do milho segunda safra e a forte demanda dos segmentos produtores de proteína animal […] foram alguns dos motivos pelos quais as indústrias aderiram ao novo modelo de negócio”, apontou a Conab, em seu relatório.
Com as três usinas no Mato Grosso para o etanol do cereal previstas até dezembro, além de uma usina flex, que adicionaria outros 200 milhões de litros, a capacidade de produção brasileira estaria próxima dos 3 bilhões de litros anuais. No entanto, segundo o presidente da Unem, há uma imprevisibilidade sobre a volta da demanda.
“Vai retornar. Agora, serão necessários 6, 9 ou 12 meses, não sabemos. Nós temos uma energia renovável, limpa e nacional, o que é um trunfo, pois gera renda ao país, valoriza a produção do milho e traz estímulo ao campo”, diz Nolasco.
A indústria de etanol reivindica um pacote de ajuda ao governo federal. As medidas tratadas com o Ministério da Agricultura e Minas e Energia incluem o financiamento para armazenagem de etanol, a isenção de tributos como PIS e COFINS e a elevação da CIDE para 40 centavos de litro na gasolina, o que daria ao etanol paridade nos preços.
Source: Rural