A Cargill Nutrição Animal, líder mundial na produção de rações para animais de grande porte, representada pela marca Nutron no Brasil, mais uma vez é a vencedora do Melhores do Agronegócio. A empresa, que já levou outros 11 prêmios da Globo Rural em seu segmento, registrou uma pequena queda em sua receita líquida, que passou de R$ 737 milhões, em 2016, para R$ 723 milhões, no ano passado, mas aumentou seus ativos com diversos investimentos e parcerias, além de ter reduzido seu endividamento, mantendo a liderança no setor. Deve encerrar este ano, porém, com números bem maiores. A meta, de acordo com o diretor-geral da Cargill Nutrição Animal no Brasil, Celso Mello, é crescer 12% em 2018 em relação a 2017. “Apesar de tudo, de estarmos vivenciando um período político e econômico indefinido, temos um desafio extra, que é atingir nossa meta de crescimento, de 12%, apesar da falta de previsibilidade”, diz.
O início do ano foi marcado por instabilidades, mas a empresa, que foi adquirida pela Cargill em 2012, fechou o ano de 2017 maior e mais fortalecida, por conta de inúmeros investimentos em tecnologia, caminho que deve continuar forte nos próximos anos. “O setor de proteína anima sofreu os impactos deixados pelas operações da Polícia Federal (Carne Fraca e Trapaça), que colocaram em xeque a credibilidade da carne brasileira. Foi um baque para o segmento, pois o exportador de proteína animal teve muitos problemas”, lembra. “Em compensação, tivemos uma ótima safra de grãos, que é nosso principal insumo, com preços condizentes com a realidade.”
A Cargill Nutrição Animal está dando largos passos para ampliar sua área de atuação, um segmento que é extremamente regional. Lançou um novo programa nutricional para cada segmento animal atendido no Brasil (bovinos de corte, bovinos de leite, aves e suínos), investiu em tecnologias – tanto nos equipamentos utilizados no campo como em sistemas digitais que ajudam o produtor a gerir melhor a fazenda e o rebanho – e em parcerias que trouxeram inovações e bem-estar para os animais e consumidores finais. “O produtor rural já tem 300 opções de nutrição para o rebanho e estamos buscando as tecnologias e inovações mais atuais e modernas”, afirma Celso.
Nessas constantes buscas por modernidade, a companhia embarcou na era digital com força. Apresentou ao público o SCiO, um aparelho – do tamanho de uma caixa de sapatos – que utiliza a tecnologia Near-Infrared (NIR). “Com esse equipamento no campo, é possível analisar a qualidade do volumoso sem a necessidade de enviar amostras ao laboratório. E logo essa caixa de sapatos vai chegar do tamanho de uma caixa de fósforos capaz de informar o teor de matéria seca, fibra bruta, proteínas, gordura”, diz Celso.
O SCiO trabalha dentro do Digital Insights, que é a área de plataformas digitais (apps) desenvolvidas pela Cargill. “A maioria dos criadores possui um histórico de dados de décadas e não consegue analisar tantas informações. A ferramenta trata esses históricos, faz um diagnóstico da fazenda e oferece estatísticas para as tomadas de decisões futuras com base em seu próprio histórico.”
Ainda nesse setor, a nutrição de precisão aparece na agenda da empresa como prioridade – e tem até sistema de reconhecimento facial de vacas. “É um sistema que captura 30 imagens por minuto através de sensores.”
“O algoritmo reconhece vaca por vaca, analisa seus movimentos e todo o comportamento para gerar informações”, explica Celso Mello, afirmando que a companhia vai apresentar, em 2019, a tecnologia para suínos. “Por enquanto, estamos trabalhando com bovinocultura de leite.”
Uma das mais significantes novidades trazidas pela Cargill Nutrição Animal ao Brasil é a substituição gradativa dos ingredientes que compõem suas rações. O foco é trocar itens sintéticos, como antibióticos, por aditivos alimentares naturais, derivados de plantas ou leveduras. Para isso, a empresa selou parcerias com duas companhias, a americana Diamond V e a austríaca Delacom. “O objetivo é substituir gradativamente o uso de antibióticos até que tenhamos condições de retirá-los totalmente das fórmulas.”
Segundo Celso, a Delacom oferece soluções que utilizam fitoterápicos para substituir antibióticos e a Diamond V, produtos vegetais e leveduras. “É uma demanda do consumidor final de proteína animal e também visando ao bem-estar dos animais.”
Para este ano, apesar da falta de presivibilidade, devido ao cenário político e econômico, Celso acredita que a Cargill Nutrição Animal deva apresentar um crescimento de 12% em comparação a 2017.
“É um desafio extra, mas estamos indo de acordo com a demanda do consumidor final, que quer produtos mais saudáveis, e do produtor rural, que busca tecnologia para ser cada vez mais eficiente. Eficiência, aliás, é e sempre será nosso maior foco.”
ilustração: Bárbara Malagoli
Source: Rural