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Praia em Lima, Peru. Quando as águas do Pacífico esquentam, há mais pescaria e a produção agrícola é beneficiada (Foto: Tremoro0/Wikimedia Commons)

 

Na segunda reportagem da série, vimos quais são os impactos do El Niño e da La Niña na agricultura brasileira. Mas em que momento do ano esses efeitos aparecerão?

O pico do El Niño, ou seja, o momento que as águas do Pacífico equatorial estarão com o maior aquecimento acontece geralmente em dezembro. Daí, veio o nome que batiza o fenômeno.

Paulo Sentelhas, professor da Esalq/USP, explica. “A água do Pacífico na costa oeste da América do Sul é sempre muito fria. Em Lima, no Peru, chove em média 40 milímetros por ano, porque a água impacta a atmosfera e não deixa formar nuvens porque o ar desce. Quando a água esquenta, ou seja, El Niño acontecendo, começa a se formar fitoplâncton, e os peixes aparecem para comer. Então há mais pescaria. Os albatrozes que vivem ali comem esses peixes e defecam na praia. Forma-se o guano, um adubo nitrogenado. Portanto, os moradores têm água, chuva e adubo para a produção agrícola. Como o pico é em dezembro, os antigos diziam que isso tudo era um presente do menino Jesus. Essa é a história que contam.”

Mas, em se tratando de El Niño, sempre há exceções. O meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, lembra que, apesar de não ser comum, o fenômeno pode eventualmente chegar ao seu pico nos primeiros meses do ano.

A época de formação do fenômeno, e o período em que ele transcorrerá até chegar ao ápice, é também outra questão sem padrões muito rígidos. “Normalmente acontece de o ápice ocorrer no final do ano. Mas pode acontecer da água começar a esquentar no outono, por exemplo, e passar todo o inverno e a primavera aquecendo até chegar ao ápice. Ou, por outro lado, pode começar a esquentar apenas em setembro e, da mesma maneira, chegar ao auge em dezembro”, diz Oliveira.

Ele reforça que a data de formação é importante porque pode trazer diferenças nas características que estamos acostumados. “Por exemplo, o El Niño faz chover muito no Rio Grande do Sul. Mas se ele se formar muito tarde, talvez essa chuva toda não ocorra. É justamente por isso que estamos preocupados com o El Niño deste ano. Ele deve ganhar mais intensidade em dezembro ou até, se bobear, em janeiro. Por isso, talvez não chova da forma constante e frequente que estamos acostumados a ver durante a primavera no Estado gaúcho”.

Segundo Celso, nos últimos anos em que atuou, a La Niña também teve seu ápice em dezembro.

Leia a próxima e última reportagem da série: Motivos do aquecimento e resfriamento da água

Leia as outras reportagens da série:

>> O que são os fenômenos El Niño e La Niña
>> El Niño e La Niña: efeitos no clima e na agricultura

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Source: Rural

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