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O reajuste dos preços da gasolina e do óleo diesel, anunciado na sexta-feira (17/6) pela Petrobras, pode neutralizar os efeitos da limitação de cobrança do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, aprovada pelo Congresso Nacional. A avaliação foi feita do consultor Arnaldo Correa, diretor da Archer Consulting, em comentário de mercado divulgado pela internet.

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"Como é impossível tapar o sol com a peneira, a Petrobras reajustou os preços da gasolina e do diesel represados há várias semanas. O efeito de todas essas mudanças capitaneadas pelo presidente da República e seus aliados pode ser neutralizado em função do aumento da Petrobras e a perspectiva de subida no preço do petróleo combinada coma desvalorização do real frente à moeda americana", diz Correa, em comentário divulgado pela internet.

Os novos preços anunciados pela Petrobras passam a vigorar neste sábado (18/6). O óleo diesel nas refinarias subiu 14,26% e a gasolina teve alta de 5,18%, decisão criticada pelo presidente Jair Bolsonaro – que chegou a defender a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) – e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que pediu a saída do presidente da empresa. Lideranças de caminhoneiros ameaçaram greve, em protesto.

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"A gasolina nos EUA tem expectativa de alcançar R$ 9,50 o litro nesse verão. Em Hong Kong, custa R$ 15,20, França R$ 11,60, Itália R$ 10,80 e Canadá R$ 9,20. Com o aumento da Petrobras e as reduções tarifárias implantadas, vamos pagar menos de R$ 7,00 o litro", avalia Correa, em seu boletim.

O consultor ressalta como medida positiva a garantia de tributação diferenciada para combustíveis renováveis em relação aos fósseis, o que tende a favorecer a competitividade do etanol. Em sua avaliação, a medida por, inclusive, ajudar a coibir fraudes tributárias na movimentação de etanol de um estado para outro, em que há diferentes alíquotas de ICMS.

Congresso Nacional aprovou limite de ICMS para combustíveis fósseis e manteve os diferenciais de cobrança para biocombustíveis (Foto: Max Pixel/Creative Commons)

 

Preços do etanol

Com a safra 2022/2023 de cana-de-açúcar em andamento, o momento atual é de baixa nos preços do etanol. Nas usinas do Estado de São Paulo, o hidratado caiu 2,35% entre os dias 13 e 17 de junho em comparação com a semana anterior, com valor médio de R$ 3,0116 o litro (sem considerar frete, ICMS e Pis/Cofins), segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O anidro caiu 1,31% no período, a R$ 3,5270 o litro.

Até o início da semana, os pesquisadores da instituição ligada à Universidade de São Paulo (USP) viam o mercado em um momento de incerteza e baixa liquidez. O motivo, segundo eles, era exatamente a expectativa de como ficariam as medidas tributárias para o setor de combustíveis, aprovadas pelo Congresso Nacional.

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No Centro-sul, principal região produtora do Brasil, a indústria mantém a atenção maior ao combustível no mix de produção, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). Na segunda quinzena de maio, 56,84% dos 43,692 milhões de toneladas de cana que passaram pelas usinas foram destinados à fabricação de etanol. No mesmo período, na safra passada, foram 53,78%. O volume de cana para açúcar caiu de 46,22% para 43,16%.

A produção de etanol no período foi de 2,031 bilhões de litros (+0,51% em relação à segunda quinzena de maio de 2021), sendo 1,253 bilhão de litros do hidratado (+2,77%) e 778 milhões de litros de etanol anidro (-2,92%). A produção de açúcar totalizou 2,311 milhões de toneladas, redução de 12,74% na mesma comparação.

 

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No acumulado da safra 2022/2023, iniciada em primeiro de abril, até o final de maio, a produção de etanol totalizou 5,174 bilhões de litros (-12,25% em comparação com a safra passada). As usinas produziram 3,562 bilhões de litros do combustível hidratado (-11,91%) e 1,612 bilhão de litros do anidro (-12,98%). O volume de açúcar foi de 5,051 milhões de toneladas (-29,78%).

No campo, a preocupação é com os níveis de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) da cana-de-açúcar, ressalta Arnaldo Correa, em seu comentário. No Centro-sul do Brasil, o volume médio foi de 128,64 quilos de ATR por tonelada de cana na segunda quinzena de maio, 6,58% menor que no mesmo período em 2021, de acordo com a Unica. Na safra 2022/2023, a média é de 122,11 quilos, 4,99% a menos que na temporada anterior.

"Algumas usinas notaram melhora na produtividade nos canaviais nas últimas semanas, mas a queda da ATR continua preocupante. Para cada 1 kg de perda na ATR, considerando os mix de produção atuais, significa uma redução de aproximadamente 225,000 toneladas de açúcar e 180 milhões de litros de etanol. Se pensarmos no setor como um todo, 1 kg de ATR a menos representa mais de R$ 1.1 bilhão de receita a menos", ressalta Correa.
Source: Rural

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