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O programa de conservação de áreas dos Estados Unidos da Améria (EUA) é bem diferente daquele existente no Brasil, com as áreas de preservação permanente (APPs). Se, aqui, temos florestas plantadas e nativas com conservação de fauna e flora; no caso dos Estados Unidos, o programa de conservação, criado há muito tempo, conta basicamente com uma vegetação rasteira em áreas que, por vezes, já foram desgastadas ao longo da história.

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Os EUA podem aproveitar a medida durante a safra de inverno para expandir suas plantações de trigo (Foto: REUTERS/Enrique Marcarian)

 

A medida aprovada pelo governo dos EUA ocorreu como uma resposta à demanda dos produtores rurais, que estavam pedindo mais espaço para produzir mais grãos. Isso mediante o cenário da guerra entre Rússia e Ucrânia, que fez os preços do produto dispararem em todo mundo e existe uma preocupação com o abastecimento global.

Diferentemente do que ocorre no Brasil, nos EUA, os produtores rurais recebem um valor para manter as áreas conservadas protegidas sem usar para nenhum cultivo. Segundo Daniele Siqueira, analista de mercado da Agência Rural, esse valor não é elevado – são cerca de US$ 80,00 por hectare. Mas, diante da alta de curso de produção, é um valor que o produtor tem garantido por não plantar nessas áreas.

A partir de outubro, os produtores poderão usar essas áreas e, segundo as estimativas dos Estados Unidos, 1,6 milhão de hectares em contratos com esses produtores estão vencendo agora. Então, serão áreas passíveis de serem transformadas para o cultivo de grãos.

Daniele afirma que não vê, no curto prazo, muitas consequências negativas com a aprovação da medida. Isso porque a área de grãos – principalmente de soja e milho, que são os produtos mais cultivados e que tiveram expressiva aumento de preço por causa da guerra na Ucrânia entre Rússia e Ucrânia – já está definida. A área ainda não está 100% plantada, mas está em processo de plantio, então, os produtores já estavam com essa safra programada.

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Para a safra de inverno, porém, a mudança pode ter um impacto importante. Se os Estados Unidos conseguirem usar essas essas áreas de proteção de conservação para cultivar, por exemplo, mais trigo, isso pode reverberar no preço internacional da commodity. Assim, é importante destacar o que está acontecendo com esse programa nos Estados Unidos, porque, se eles ampliarem a área plantada de soja, milho, trigo, cevada ou, mesmo, aveia, isso impacta diretamente nos preços que são formados nas bolsas dos EUA, referência para as cotações no mercado internacional.

Com base no que acontece nos campos dos Estados Unidos, os preços reagem em todo o mundo, inclusive, no Brasil. Assim, a curto prazo, para soja e milho, principalmente, talvez a maior pergunta dos produtores brasileiros – maiores concorrentes dos americanos nesse momento – é sobre o efeito dessa ampliação de área nos produtos; mas, por enquanto, não há muitas consequências diretas, podendo haver mais na safra de trigo.

Tudo isso está relacionado ao desenrolar da guerra entre Rússia e Ucrânia. Se o conflito acabar, o mercado pode sofrer uma reviravolta no mercado e os preços tendem a voltar a cair, pois ambos os países recuperam suas tradicionais ofertas de produto. Com os preços caindo, talvez não seja tão interessante que o produtor dos EUA continue usando essa área, seria melhor ele receber o valor do governo sem assumir risco ou enfrentar a alta de custo.

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Source: Rural

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