Para evitar o desperdício de alimentos, uma empresa brasileira une consumidores que querem pagar mais barato a restaurantes, padarias e hortifrutis que precisam escoar o excedente de produção. É assim que a startup Food to Save, fundada em 2021, pretende solucionar o problema do desperdício de alimentos no Brasil: oferecendo com descontos de até 70% produtos de seus parceiros que, em outra circunstancia, seriam jogados fora. Em seu primeiro ano de atuação, a iniciativa conseguiu evitar o descarte de 165 toneladas de alimentos.
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Os pedidos com a Food to Save podem ser feitos pelo site da empresa ou pelo seu aplicativo, que está disponível para Android e iOS (Foto: Divulgação/Estúdio Nômade)
Lucas Costa Infante, fundador e CEO da Food to Save, conta que a ideia da foodtech “surgiu de um inconformismo”. Por seis anos, ele se dedicou a uma franquia de supermercado fora do Brasil e, durante esse tempo, relata que se deparou “com uma realidade de desperdício muito diferente do que vivia como consumidor”.
“Muitos quilos de alimentos e produtos bons eram jogados fora”, pontua Infante. Isso fez com que o administrador passasse a “olhar com outros olhos” para a questão e, assim, buscasse uma solução para o cenário de desperdício no varejo. Segundo dados do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU), somente no Brasil cerca de 41 mil toneladas de alimentos deixam de ser aproveitadas todos os dias.
Desta forma, nasceu a Food to Save, com a missão de, não apenas combater o desperdício de alimentos no país, mas, também, provocar uma mudança de hábitos e de mentalidade dos consumidores, estimulando práticas de consumo consciente.
Com um ano de existência, a empresa já atua em São Paulo capital, no Grande ABC, em Campinas e na cidade do Rio de Janeiro. Além disso, a plataforma por onde são feitos os pedidos já conta com mais de 200 mil usuários cadastrados.
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Infante explica que a startup funciona como um marketplace: “Nós conectamos os estabelecimentos do ramo alimentício – que possuem os chamados ‘excedentes de produção’, que são produtos próximos à data de validade, que não foram consumidos ao longo do dia ou que, por características estéticas, acabam sendo rejeitados – aos milhares de usuários que resgatam esses alimentos dando uma nova oportunidade a esses produtos com descontos de até 70% através de um conceito surpresa”.
O “conceito surpresa” que o CEO cita são as sacolas surpresas. Elas recebem esse nome em alusão à dinâmica que é feita para a sua preparação: quando a pessoa faz o pedido em um dos parceiros da Food to Save, ela não terá certeza sobre qual produto virá dentro da sacola, podendo escolher apenas o estabelecimento comercial e o tipo de produto que se deseja receber (salgados, doces ou uma mistura de ambos).
“Um consumidor pode resgatar uma sacola de uma padaria sabendo que essa sacola é doce com até 70% de desconto, mas ele não sabe exatamente o que vem, se é um bolo de laranja, um bolo de cenoura, um pacote de madalenas ou outros produtos, porém, ele sabe a origem do estabelecimento”, exemplifica o fundador da startup.
Nesse esquema de operação, a empresa resgatou 120 mil sacolas surpresas, o que equivale a 165 toneladas de alimentos, e levantou um aporte de R$ 1,305 milhão de 211 investidores. A reação do público “tem sido muito positiva”, segundo Infante.
Sócios da Food to Save. Da esquerda para a direita, Murilo Ambrogi (CMO), Lucas Inafante (CEO) e Fernando Henrique dos Reis (COO) (Foto: Divulgação/Jefferson de Souza)
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A adesão e o crescimento da iniciativa demonstram que, além dos impactos evitados pelo desperdício de alimentos e pela emissão de gases poluentes à atmosfera, as pessoas estão abertas para serem educadas e reeducadas enquanto consumidores: “É uma mudança de mindset e de hábitos. É abrir os olhos para o desperdício, que é um tema que já existe tão relevante há tantos anos, mas que os números não baixam, pelo contrário, são alarmantes”, pondera o empreendedor.
Atualmente, a Food to Save conta com aproximadamente 700 estabelecimentos em sua plataforma. Dentre eles, estão o grupo Rei do Mate, Dengo Chocolates, Pizza Hut e outas dezenas de opções de cafeterias, padarias e hortifrutis.
O CEO explica que “a seleção dos estabelecimentos é criteriosa, no sentido de que os estabelecimentos respeitem as leis vigentes e também se engajem com o propósito da startup de evitar o descarte, mas de ter esse cuidado e muita empatia na seleção desses produtos, pensando que são novos consumidores”.
Para os anos de 2022 e 2023, o gestor fala que os planos são de expansão para outras cidades e de impulsionar ainda mais a mentalidade do consumo consciente. “A Food to Save tem um objetivo muito claro de implementar o antidesperdício em todo o Brasil. Então, os próximos passos são ir para outras capitais e realmente mobilizar, não milhares, mas milhões de brasileiros”.
“É mudar esse número do desperdício na etapa em que nós atuamos, no varejo, porém, sabendo que, promovendo essa reeducação, o impacto vai ser em toda a sociedade. Nossa proposta é seguir muito forte com posicionamento, clareza na comunicação, com respeito e com ética com o consumidor”, conclui Infante.
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Source: Rural