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Os preços do trigo caíram 10% em duas semanas desde que o Ocidente aumentou a pressão para que grãos ucranianos cheguem ao mercado e a Rússia afirmou que poderia liberar envios, caso houvesse a suspensão de sanções impostas a ela. Para Laura Wellesley, pesquisadora de Segurança Alimentar no laboratório do instituto Chatham House, no Reino Unido, a posição da Rússia, porém, soa "como uma simples chantagem" e as condições do mercado "não devem mudar".

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Cerca de 36 países dependem da Ucrânia para mais da metade de suas importações de grãos. O principal cliente, de longe, é o Egito, seguido pela Indonésia, Paquistão e Bangladesh. "Será catastrófico se não tivermos os portos da Ucrânia abertos e movimentando suprimentos de alimentos", disse o chefe do Programa Mundial de Alimentos da ONU, David Beasley.

A Rússia ocupou um importante porto ucraniano, Mariupol, e fechou todos os outros por meio do controle naval do Mar Negro, o que prejudicou 10% das exportações mundiais de trigo. À medida que os combates na Ucrânia se recolhem para algumas cidades no Donbas, aumentam os temores de que o bloqueio de grãos possa matar muito mais pessoas do que a própria guerra.

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Na avaliação de analistas, mesmo que haja um avanço diplomático para liberar o envio das commodities agrícolas, a comercialização de grãos enfrentaria obstáculos físicos. O principal porto de grãos da Ucrânia, Odessa, enfrenta bombardeios desde o início da guerra. A colheita deste verão no país também pode ser 30% menor em virtude dos conflitos.

A presença de navios de guerra e minas nas proximidades do Mar Negro é outra barreira para transportadores comerciais de grãos e suas seguradoras. Outro ponto importante, na visão de especialistas, é o fato de que, com a oferta da Ucrânia prejudicada, o maior produtor mundial de trigo torna-se a Rússia, que planeja colher uma safra recorde do cereal a partir de junho. Segundo Shawn Hackett, consultor financeiro focado em commodities, os russos estarão dispostos a vender o grão a preços inflacionados pelo bloqueio provocado pelo próprio país.

Colheita em Hrebeni, região de Kiev, na Ucrânia. Controle russo sobre as rotas logísticas do Mar Negro interfere nas exportações de grãos (Foto: REUTERS/Valentyn Ogirenko)

 
Source: Rural

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