Suinocultores independentes em crise desde o ano passado conseguiram um alívio momentâneo nas operações de crédito rural. O Conselho Monetário Nacional (CMN) ampliou para até dois anos o prazo de pagamento das operações de custeio no segmento, em que os produtores não têm contrato com a indústria ou cooperativas. A resolução publicada no dia 10 de maio, no Diário Oficial da União (DOU), vale para contratações até 30 de dezembro de 2022.
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Suinocultura independente tem sofrido com altos custos e endividamentos dos produtores (Foto: Rogério Albuquerque/Ed. Globo)
A medida atende a um pedido da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e de entidades ligadas ao setor. O assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro, disse que os produtores vêm enfrentando aumentos expressivos nas cotações dos insumos, em especial do milho e do farelo de soja, ao mesmo tempo em que os preços de venda dos suínos apresentam queda.
“Esse cenário afetou diretamente os resultados econômicos dos produtores independentes, gerando dificuldades de comercialização e, consequentemente, prejuízos e a impossibilidade de os produtores honrarem com os compromissos financeiros”, disse Rafael.
Segundo levantamento feito em conjunto com as Federações de Agricultura e Pecuária dos estados, a dívida dos suinocultores independentes nas instituições financeiras está estimada em R$ 3,5 bilhões. O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, disse à Globo Rural que a medida vai ajudar os criadores que estão em dia no banco a terem capital de giro, mas não resolve a crise.
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Segundo Folador, o preço do quilo de carne suína teve um aumento nas últimas semanas no RS, chegando a R$ 5,78, mas o produtor independente continua trabalhando no vermelho porque os preços da ração, dos medicamentos e de outros itens que compõem o custo de produção não tiveram “nenhum refresco”.
“Para o produtor sair do sufoco, é necessária uma reação do mercado, uma pagamento melhor na ponta pela carne suína. Precisa também elevar os preços e o volume na exportação pra tirar mais carne do mercado interno, que não dá conta de tanta oferta.”
Em abril, na região sul, produtores independentes protestaram contra os baixos preços que vêm recebendo há um ano dos frigoríficos distribuindo carne suína em praças à população.
Além do aumento dos custos, a crise vem do excesso de produção no país causado pelo maior apetite chinês pela carne brasileira devido à peste suína africana, que afetou gravemente o plantel suíno do país asiático desde 2019. De lá para cá, com a recomposição do rebanho local, a China reduziu suas compras e a demanda interna não cresceu tanto quanto a oferta.
Limites
De acordo com a Resolução, os limites de crédito por produtor são de até 20% em relação aos limites previstos para o crédito de custeio para a atividade de suinocultura independente.
Com isso, os produtores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) do Grupo A/C podem contratar até R$ 1.800,00 e demais produtores do Pronaf podem financiar até R$ 50 mil. Já os produtores do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) podem contratar até R$ 300 mil.
Os demais produtores podem tomar o crédito de custeio por meio dos financiamentos sem vinculação a programas específicos, em que o valor pode chegar até R$ 600 mil (20% do limite de R$ 3 milhões).
Source: Rural