À frente da presidência da empresa no Brasil, o CEO Antonio Carrere tem a missão de posicionar a John Deere como referência em máquinas inteligentes. Segundo ele, a fase atual da empresa é de aliar tecnologia e sustentabilidade, com base em fatores como automação, eficiência operacional e combustíveis mais limpos.
Desde 2001 na John Deere, onde começou ainda como estagiário, Carrere, uruguaio de nascimento, ressalta que a preocupação com o uso dos biocombustíveis já é realidade entre agricultores brasileiros. Por isso, produzir em larga escala, de forma sustentável e ainda com transparência de dados fornecidos pelos tratores faz do Brasil a vitrine ideal.
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Antonio Carrere, presidente da John Deere no Brasil (Foto: Divulgação/John Deere)
Globo Rural – Como você enxerga a tecnologia nas máquinas atualmente?
Antonio Carrere – Nossas máquinas estão aprendendo sozinhas, a inteligência artificial permite a máquina a aprender. Por exemplo, umidade do solo, temperatura, tudo vai mudando enquanto a máquina está no campo, e hoje já temos máquinas que se autorregulam a cada três minutos dependendo destas condições. Queremos cada vez mais que os processos dentro da máquina sejam automáticos através de inteligência artificial e machine learning. Por exemplo, já lançamos uma tecnologia que poderá reduzir a aplicação dos químicos entre 50% e 60% pela precisão que será feita na aplicação a partir destas tecnologias.
GR – Você fala em tecnologia com sustentabilidade. Os biocombustíveis estão inseridos nisso?
Carrere – O mundo está começando a acordar para combustíveis alternativos. O primeiro passo foi a mistura do combustível fóssil com etanol, como os veículos flex. Se você perguntar a energia dos Estados Unidos e da Europa é quase toda queimando carvão. Não tem uma coisa que polua mais o planeta do que carvão. No Brasil, mais de 60% da energia é hidroelétrica e nos últimos anos mais de 10% é energia solar e eólica. Ou seja, o Brasil começa a exportar combustível alternativo para Japão, Estados Unidos. Exportar etanol é incrível.
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GR – O que isso muda para o produtor no campo?
Carrere – A John Deere está investindo em combustíveis alternativos, experimentando etanol, biometano e trator elétrico. Até 2026, teremos veículos elétricos e híbridos. O mundo está indo nessa direção, de entender a pegada de carbono, o impacto na soja, no milho. Nós queremos que nossas fábricas sejam mais verdes, assegurar que o alimento seja o mais sustentável possível. E que isso gere dados. Os dados vão mostrar o quanto a cadeia é sustentável. A agricultura não é o vilão, mas vai ser o mocinho do mundo.
GR – Esse é um movimento global ou estamos à frente?
Carrere – Os produtores brasileiros estão se transformando em um produtor verdadeiramente tecnológico, mais que o europeu ou nos Estados Unidos. Pelo fato de morarmos nos Brasil e o etanol ser uma linguagem comum, o produtor já entende de biocombustível. Na Europa, não tem cliente produtor falando de biocombustíveis do jeito que estão falando aqui.
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Source: Rural