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A inflação dos alimentos agravada por clima adverso, problemas de logística e guerra no leste europeu vem provocando cenas que viralizam nas redes sociais. No domingo, dia 1º de maio, foi a vez de dezenas de consumidores disputarem cebola a cotoveladas em uma promoção de inauguração de um supermercado em Planaltina, no Distrito Federal. No vídeo, a confusão é tanta que nem aparece o preço do quilo da cebola.

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De acordo com os últimos dados de inflação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o quilo da cebola subiu 10,5% nos últimos 12 meses. 

Análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, mostra que na semana passada houve uma diminuição da oferta da cebola no mercado nacional porque apenas a região de Santa Catarina, que responde por 30% da produção nacional, tem o produto atualmente em estoque. Além disso, a cebola importada da Argentina está enfrentando problemas logísticos na fronteira de Porto Xavier (RS) desde o início de abril.

Cebola (Foto: Reprodução/Twitter)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A falta de opção levou a um aumento de preços, com o valor de roça 37% superior à última semana, fechando à média de R$ 3,90 o kg ao produtor em Ituporanga (SC). A caixa “tipo 3” registrou alta de 40,4% na mesma comparação, sendo comercializada por R$ 87,75 a saca de 20 kg. A expectativa, segundo os analistas do Cepea, é que os preços continuem em alta nesta semana, já que os estoques de Santa Catarina estão no final.

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Thiago de Oliveira, chefe da seção de economia do Ceagesp, confirma que o aumento de preços se deve ao fato de estar no fim a safra das cebolas vindas de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e a safra do Sudeste ainda não ter entrado com força.

“Mesmo com aporte de produtos da Argentina, essa pressão sobre o volume fez com que os preços subissem, principalmente nas últimas cotações. Segundo os agentes do mercado, essa situação ainda perdurará por mais algumas semanas até que o volume se normalize.”

Oliveira ressalta ainda que a pressão no volume diário comercializado se deu principalmente pelo retorno de clientes que estavam estagnados, como os de compras institucionais da alimentação escolar.

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O preço das hortaliças, grupo que inclui as cebolas, subiu 9,9% em março na comparação com fevereiro e 7,7% na comparação com o mesmo mês de 2021, segundo dados do Boletim Prohort da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de abril. No caso específico da cebola, a tendência de alta se mantém desde o final de 2021. O maior aumento ocorreu na Ceasa Minas-Belo Horizonte, com 19,62%. No DF, palco da cena do vídeo que viralizou, o aumento foi de 10,54%, com a cebola nacional sendo comercializada a R$ 4,14 o quilo e a importada a R$ 5,95. Segundo o boletim, a qualidade da cebola argentina e em menor volume da chilena também influenciaram a elevação da média de preços.

 

 

 

 

 

 

Produtor

O início da safra em Minas, Goiás e São Paulo deve aliviar, mas nem tanto o bolso do consumidor. Danilo Fugita, produtor de cebola em 300 hectares em Monte Alto (SP), no Triângulo Mineiro e em Taiobeiras (MG), vai iniciar a colheita em Minas nesta semana. Segundo ele, a safra em Minas, onde fica 90% de sua produção, foi bastante prejudicada pelo excesso de chuvas.

Alimentos na feira (Foto: Divulgação)

 

 

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“Apesar de ser 90% água, a cebola não gosta de chuva, especialmente na hora errada. Choveu demais de janeiro até o início de março e devemos colher cebolas miúdas e com pouca qualidade, pelo menos no início da safra.”

Terceira geração dos Fugita na produção de cebola, Danilo não faz estimativa do preço ideal para o produtor, mas diz que é preciso um equilíbrio para não repetir a situação do ano passado, quando chegou a vender por R$ 0,30 o kg diante de um custo de produção de R$ 0,85. “E neste ano, com o aumento dos insumos, já tivemos um crescimento de 35% a 40% no custo de produção.”

O Brasil consome cerca de 140 mil toneladas de cebola por mês. De março a junho, geralmente, quem abastece o mercado é a produção do Nordeste e da Argentina, que também teve muitos problemas climáticos na safra. A maior produtividade é registrada no Triângulo Mineiro e Goiás, com 70 toneladas por hectare, seguida por São Paulo (50 toneladas), Nordeste (45 a 50 toneladas), Santa Catarina (de 30 a 35 toneladas) e Rio Grande do Sul (de 25 a 30 toneladas por hectare).

 

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Source: Rural

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