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Considerada um superalimento, a castanha do baru in natura é matéria-prima para óleos, farinha, manteiga, tortas e até geração de energia. Já as castanhas torradas são utilizadas na produção de paçoca, pé-de-moleque, rapadura, entre outras iguarias. Porém, infelizmente, a fruta que poderia ser o cartão-postal do Cerrado quase não é conhecida pelos brasileiros. 

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Castanhas de baru, fruto típico do Cerrado (Foto: Iasmim Amiden/WWF-Brasil)

 

O fruto do baruzeiro, como é chamada a árvore nativa do bioma, é sinônimo de geração de renda, valorização do extrativismo como forma de vida e ainda contribui para a conservação do Cerrado. Mas distante dos holofotes das commodities, o baru ainda carece de dados sobre volume de colheita e políticas públicas que fortaleçam a cadeia da castanha ao consumo. 

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Um trabalho realizado entre WWF-Brasil e o Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), com apoio do Instituto Humanize e União Europeia, consultou 15 cooperativas e outras comunidades que retiram do fruto seu sustento. Ana Carolina Bauer, analista de Conservação do WWF-Brasil, conta que nas pesquisas de campo ficou evidente a necessidade de uma lei que dê mais subsídios ao trabalho extrativista. 

Para estruturar a colheita, o beneficiamento, a comercialização e a logística, ela sugere soluções como a criação da rastreabilidade na atividade e o maior fomento de áreas públicas de conservação, como a estipulação de mais Reservas Extrativistas (Resex) e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS). 

“O melhor caminho é que fosse feita alguma lei para acesso a crédito e fossem ampliadas áreas para coleta, como Resex, RDSs e ainda sistemas agroflorestais. Como não há números de colheita, armazenagem e falta de comprovação de relevância do baru para o Cerrado, fica difícil a população ter acesso a crédito, capital de giro e efetuar a venda”, comenta.

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Exportações

O maior volume de venda que se concretiza é para o exterior. Isso porque, segundo Ana Carolina, há pouco reconhecimento do valor nutricional das castanhas e amêndoas no mercado interno. Mesmo as mais conhecidas, como castanha-de-caju e castanha-do-Pará, não fazem parte da alimentação diária do brasileiro. 

Castanhas de baru depois do beneficiamento (Foto: Divulgação/WWF Brasil)

 

“Tem baru nos Estados Unidos, Canadá, Europa, mas não tem no Sul do Brasil”, observa ao contar que as exportações são interessantes por ter valor agregado e ajudar na renda e manutenção da atividade, mas a valorização deveria partir do país de origem. “Como é um fruto nativo, poderia ser o carro-chefe para divulgar e defender a preservação do Cerrado”, adiciona. 

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Um dos pontos críticos para a disseminação do baru em território nacional é o custo logístico. Enquanto o escoamento de volumes baixos é impactado pela falta de infraestrutura, a venda externa em grandes lotes é mais atraente ao setor. “São enviados, por exemplo, lotes de seis mil quilos de castanha para um cliente no exterior, então compensa o custo de logística e transporte. Para exportação acaba ficando mais simples. Para o Brasil, a venda é pulverizada e o custo não compensa”, comenta Ana Carolina. 

Além da criação de políticas públicas, ela também enxerga na parceria público-privada um caminho para fortalecer a cadeia do baru. “Relações justas entre poder público, setor privado, e cooperativas é uma forma de fomento, desde que ajudem com preço justo, rastreabilidade e orientação de mercado", pontua.

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Source: Rural

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