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O ministro da Agricultura, Marcos Montes, que tomou posse do cargo na quinta-feira (31/3), inicia a gestão em busca de garantir a oferta de fertilizantes para a agricultura brasileira. A escassez de adubo, agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e sanções a russo e a Belarus, tem levado o governo a tentar reforçar as relações com outros fornecedores.

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Marcos Montes discursa na cerimônia de transmissão de cargo, observado pela ex-ministra Tereza Cristina e pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos  (Foto: Ministério da Agricultura)

 

Nesta semana, antes mesmo de tomar posse, Montes se reuniu com representantes do governo do Irã para discutir um aumento na cota de importação de ureia, informou a pasta. A intenção do governo, de acordo com o Ministério da Agricultura, é ampliar o volume de um milhão para 3 milhões de toneladas. Em maio, o ministro tem viagens previstas para Marrocos, Egito e Jordânia.

Seguindo a linha de sua antecessora, Marcos Montes defende que os fertilizantes fiquem de fora de sanções por causa de conflitos, posição adotada em encontro com representantes da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O novo ministro tem também a missão de dar sequência no que o próprio governo vem chamando de Diplomacia do Fertilizante. 

"Essa questão dos fertilizantes é algo que pode mexer com a estrutura do mundo", destacou Montes, em seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo, no Ministério.

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Antes de deixar o cargo, Tereza Cristina já havia se reunido com representantes do próprio Irã e de outros países árabes. Mais recentemente, esteve no Canadá. De acordo com o que vem sendo divulgado pelo governo, o Brasil tem recebido sinalizações de que esses fornecedores podem aumentar a oferta para o mercado brasileiro.

A situação preocupa o setor, principalmente para o plantio da próxima safra de soja, a partir de setembro. Consultorias do setor privado avaliam que a dificuldade na aquisição de fertilizantes e o aumento dos custos de produção devem levar uma expansão menor da área plantada de soja. O ItaúBBA, por exemplo, avalia que o plantio pode crescer em apenas 0,5%.

Guerra reforça incerteza

Em relatório divulgado nesta semana, o banco holandês Rabobank destaca que a guerra entre Rússia e Ucrânia acentua o cenário de incerteza em relação à oferta de adubo. Os analistas lembram que os russos detêm cerca de 10% do mercado do composto NPK, com participação de 10% nos nitrogenados, 7% nos fosfatados e 20% no potássio.

Os analistas destacam ainda que, no início de 2022, o cenário indicava queda de preços de fertilizantes, em função do aumento de oferta. Como exemplo, mencionam que, entre novembro de 2021 e fevereiro deste ano, o preço internacional da ureia caiu de US$ 865 para US$ 520 a tonelada. No entanto, o início da guerra reverteu a tendência e as cotações retomaram a alta.

"O mercado físico das negociações de fertilizantes ficou paralisado por um tempo devido às incertezas em relação à oferta de produtos no mercado, porém, quando as empresas retomaram suas vendas, os preços dos fertilizantes apresentaram altas bastante significativas", avalia o Rabobank.

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Ainda conforme o banco holandês, uma semana antes do início da ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, a ureia era vendida a US$ 55% a tonelada. Em 17 de março, o valor estava em US$ 965 a tonelada, em média. No mesmo período, o cloreto de potássio passou de US$ 780 para US$ 1.065 a tonelada.

"Para o produtor brasileiro, essa incerteza com relação à diminuição da oferta global de fertilizantes está afetando diretamente os custos de produção para a safra 2022/23. Enquanto durarem os conflitos, podemos imaginar que as incertezas continuarão a ditar a direção para o mercado de fertilizantes e, uma vez terminados os conflitos, ainda restarão algumas perguntas a serem respondidas, como, quanto tempo levará para a Rússia retomar as exportações de fertilizantes", avalia o Rabobank.
Source: Rural

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