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O tomate é um dos alimentos que estão pressionando a inflação. Na última sexta-feira (25/3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a prévia da inflação de março pelo IPCA-15, que teve a maior alta em sete anos. Apenas no período pesqusiado, o preço do tomate subiu 15,46%. Em 12 meses, avançou 66,36%, abaixo apenas da cenoura, cujos preços dispararam 121,64%. Por que o tomate está mais caro?

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Tomate registrou uma das principais altas na prévia da inflação medida pelo IPCA-15 (Foto: Reprodução/ TV Globo)

 

João Paulo Bernardes Deleo, pesquisador de hortaliças do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vincula a alta de preços a vários fatores. O primeiro é que a safra de verão está chegando ao fim, o que pressiona os preços. A safra de inverno deve começar no início de abril, trazendo algum alívio.

Outro fator importante é que muitos agricultores estão reduzindo a área plantada de tomate por estarem endividados. Segundo Deleo, do início da pandemia em 2020 até 2022, houve queda de 20% na área plantada, o que para ele é um nível preocupante. “São dívidas que se arrastam por algum tempo e, mais recentemente, essas reduções de áreas ocorreram também pelo forte no aumento de custo de produção, dificuldade de arrendamento de área. O agricultor também vai em busca de culturas mais atrativas”, explica.

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Thiago de Oliveira, chefe da seção de economia da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Cegeasp), acrescenta que essa redução de área também está relacionada ao clima e aos custos de produção. Segundo ele, no ano passado, ocorreram muitas geadas, fazendo com que o produtor tivesse perdas. E, para plantar em novembro a fim de fazer a reposição, a alta do dólar deixou muito mais caro o preço dos insumos, levando o produtor a reduzir a área plantada. 

Preço do tomate aumentou mais de 66% em 12 meses (Foto: Pixabay/Creative Commons)

 

Os efeitos climáticos se intensificaram em janeiro e novembro, com chuvas em excesso no Sudeste e seca no Sul. No País, há 30 grandes regiões produtoras no Nordeste, Sudeste e Sul, principalmente em Itapeva (SP), Caçador (SC), Irubici (SC) e região de Venda Nova do Imigrante (ES).

Oliveira explica que não houve falta do produto, mas queda na qualidade. A chuva no Sudeste e a seca no Sul levou o atacado a procurar tomate no Centro-oeste, como Goiás, que produz mais para a indústria do que o fruto de mesa. “Tem lugares em Minas onde choveu semanas sem parar. Mesmo colhendo, o produto perde a qualidade”, explica.

Para Oliveira, a tendência é a de que o preço recue nas próximas semanas. Ele avalia também que o preço do tomate chegou ao seu nível máximo. “Está chegando no limite do preço, chegou no teto e não tem como subir mais. E isso já é refletido no mercado. A cada cotação, os preços vêm diminuindo, mas estão em patamares elevados.”

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De acordo com o Cepea, entre os dias 21 e 25 de março, os valores médios do tomate salada longa vida 3A (caixa com 20 quilos) ficaram em R$ 145,76 (-2,92%) na Ceagesp, em R$ 148,43 (-2,89%) em Campinas/SP, em R$ 184,28 (+7,9%) no Rio de Janeiro/RJ e em R$ 146,66 (+1,14%) em Belo Horizonte/MG.

Deleo, do Cepea, conta que é comum que os preços de hortaliças recuem no segundo semestre do ano, por conta do fim do período de fortes chuvas. Mesmo assim, ele acredita que o preço do tomate se manterá pressionado o ano inteiro. “Como tivemos redução de área muito acentuada, a expectativa é que os preços se mantenham em patamares relativamente altos no ano todo”, afirma o pesquisador do Cepea. O preço do tomate já está em nível recorde, segundo a entidade.

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Source: Rural

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