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A cigarrinha tem sido preocupação contante de produtores de milho e pesquisadores. O inseto, causador da doença chamada de enfezamento, vem atacando lavouras do cereal há pelo menos oito safras. Diante do alto potencial de danos às plantações, o Ministério da Agricultura anunciou que, neste mês, iniciou um monitoramento, na tentativa de definir medidas que reduzam as perdas do produtor.

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Mais adaptado a regiões de clima quente, o inseto passou a incidir também em regiões mais frias. Concentrada há quatro anos no oeste da Bahia, Goiás e oeste de Minas Gerais, desde então, se espalhou por lavouras do Mato Grosso e do sul do país, segundo o pesquisador de fitopatologia do milho da Embrapa Milho-Sorgo Luciano Viana Cota.

Cigarrinhas em plantação de milho (Foto: Embrapa/Elizabeth Sabato)

 

“O enfezamento pode causar danos severos à lavoura de milho, dependendo da cultivar plantada e das condições ambientais. Pode provocar até o tombamento da planta, o que dificulta a colheita mecânica. Os relatos são de perdas de 70% e 80%, mas há casos em Minas e no Paraná em que os produtores não tinham nenhum conhecimento da doença e as perdas foram de 100% da área”, diz Cota. Ele explica que a doença tende a reduzir o tamanho da planta, que fica “enfezada”.

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O que é cigarrinha do milho

A cigarrinha é um inseto de cor branco-palha, tem cerca de 0,5 cm e realiza postura sob a epiderme da folha, entupindo os vasos e  impedindo a chegada da seiva aos grãos. Os efeitos da doença só vão aparecer na fase reprodutiva da planta, no período de enchimento dos grãos.

Em seu terceiro surto no Brasil, o enfezamento tem dois tipos, causados por bactérias da classe Mollicutes. O enfezamento pálido é causado pelo espiroplasma Spiroplasma kunkelii e o enfezamento vermelho, pelo fitoplasma Maize bushy stunt phytoplasma. Os patógenos são transmitidos pela cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), que se alimenta da seiva da planta doente e transmite para as sadias, exatamente como faz o mosquito transmissor da dengue.

No ano passado, o monitoramento do Mapa mostrou uma maior concentração no país do enfezamento pálido, com incidência em oito Estados: Minas, Bahia, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Já o tipo vermelho se mostrou mais presente em Minas e Santa Catarina.

Cigarrinha do milho atinge lavouras no Brasil (Foto: Embrapa/Elizabeth Sabato)

 

Como combater a cigarrinha do milho

O especialista da Embrapa diz que, diferentemente das lagartas que já têm um controle mais eficiente, quando a planta está infectada, não há produtos que atuem diretamente sobre os patógenos. “O jeito é conviver com o problema. A solução seria extrair a planta infectada, mas isso é inviável economicamente.”

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O combate ao enfezamento, então, exige diversas medidas preventivas integradas. Antes do plantio, o produtor deve eliminar as plantas voluntárias de milho que podem ser depósitos da cigarrinha contaminada. É importante fazer um bom tratamento da semente com produto específico contra a cigarrinha e escolher cultivares com bons níveis de resistência, lembrando que elas vão ter maior ou menor eficácia dependendo do tamanho da população dos insetos transmissores.

Outras medidas são evitar plantar lavouras novas perto das velhas porque a tendência da cigarrinha é se mudar para as plantas mais jovens, semear diferentes híbridos e monitorar permanentemente as lavouras para identificar e combater as cigarrinhas desde cedo. Na colheita, diz Cota, também é importante fazer uma boa regulagem das máquinas para evitar muita perda de grãos, que vão se tornar plantas voluntárias depois.

Foto de adulto da cigarrinha-do-milho Dalbulus maidis tirada em microscópio estereoscópio (Foto: Embrapa/Charles Martins de Oliveira)

 

Monitoramento do Ministério da Agricultura

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) iniciou neste mês o monitoramento da principal doença que vem atacando as lavouras. Em nota, o Mapa diz que, neste ano, promoveu ajustes no protocolo de monitoramento, encaminhado às Superintendências Federais de Agricultura e às Agências Estaduais de Defesa Agropecuária dos principais estados produtores de milho do país. Entre as orientações, encontra-se a relação das informações que necessariamente devem ser registradas durante os monitoramentos tais como coordenadas geográficas, fase de desenvolvimento da cultura, práticas de manejo utilizadas para controle da cigarrinha e os enfezamentos, níveis de danos, entre outras.

Como em 2021, a amostragem para diagnosticar as áreas atingidas será realizada em duas etapas, começando pela coleta do inseto-vetor, caso sejam detectados no momento do monitoramento, e, posteriormente, de folhas de milho, independentemente de as plantas apresentarem ou não sintomas.

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Source: Rural

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