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O preço do trigo referenciado na Bolsa de Chicago (EUA) fechou a sessão desta quinta-feira (10/3) na casa dos US$ 10 o bushel, em um dia de forte queda. O contrato de prazo mais curto, para maio de 2022, teve baixa de mais de US$ 1. Na contramão deste movimento, os preços de soja e milho encerraram o dia em alta na bolsa americana, principal referência para a formação de preço internacional dos grãos.

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Na Bolsa de Chicago, dia foi de baixa para o trigo e de alta para milho e soja (Foto: Thinkstock)

 

O contrato de trigo para maio de 2022, o mais negociado, teve uma desvalorização de US$ 1,14 por bushel, encerrando a US$ 10,87. Para julho, a baixa foi de US$ 0,65, com o vencimento fechando cotado a US$ 10,45 o bushel. Para setembro de 2022, o preço fechou a US$ 10,09, com queda de US$ 0,18.

A guerra entre Rússia e Ucrânia colocou pressão sobre o mercado internacional do cereal, já que os dois países respondem por cerca de 30% das exportações globais. Pedro Schichi, analista de grãos da HedgePoint, lembra que, desde o início do conflito militar, em 24 de fevereiro, os preços internacionais do cereal subiram 50%. Por isso, a necessidade de uma correção das cotações na bolsa, o que vem ocorrendo nos últimos dias.

"O sentimento é de que o mercado está dando uma pausa para avaliar os novos desenvolvimentos", analisa.

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Schichi pontua que ainda é difícil avaliar as consequências da guerra para a produção ucraniana. Mas há riscos para o próximo ciclo agrícola do país. "como eles estão saindo do inverno agora ainda é difícil avaliar. Ao mesmo tempo, se o conflito se resolver rapidamente, os produtos que não estavam podendo ser embarcados, agora voltarão a ficar disponíveis, o que pode pressionar bastante o preço", diz.

Oferta e demanda global

Na quarta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizou os números de oferta e demanda global de trigo, já levando em consideração efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre o mercado. o USDA revisou para cima sua previsão de produção mundial, de 776,42 milhões para 778,52 milhões de toneladas no ciclo 2021/2022.

O governo americano aumentou suas projeções de estoques globais, de 278,21 milhões para 281,51 milhões de toneladas. No entanto, as exportações globais foram reduzidas, de 206,69 milhões para 203,11 milhões de toneladas.

Por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia e das sanções econômicas aplicadas contra os russos, a previsão de exportações dos dois países foi reduzida. Mas o USDA considera que essa redução deve ser, em parte, compensada por Índia e Austrália.

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Soja e milho sobem

Na contramão do trigo, o preço da soja reverteu a sessão anterior e subiu, nesta quinta-feira (10/3). O contrato para maio de 2022 teve um valorização de US$ 0,14 e encerrou o dia a US$ 16,86 por bushel. Julho de 2022 caiu US$ 0,16 e ajustou para US$ 16,59. Agosto de 2022 teve uma valorização de US$ 0,21, fechando a sessão a US$ 16,12.

Pedro Schichi, da HedgePoint, avalia que o relatório do USDA, divulgado na quarta-feira (9/3), foi neutro para o mercado da oleaginosa. Nesta quinta-feira (10/3), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) promoveu um corte que classificou como mais agressivo para a safra brasileira do grãos, que está em fase de colheita nas regiões produtoras do país.

"Isso gera a expectativa de que, no próximo mês, o USDA acompanharia esse corte, levando mais demanda para os EUA, dando suporte à Chicago. Além disso, tivemos bons números hoje no relatório de vendas semanais para exportações dos EUA", diz ele.

O milho também teve altas expressivas nos principais contratos negociados em Chicago. Maio de 2022 ajustou para US$ 7,55 por bushel, alta de US$ 0,22. Julho de 2022 fechou em alta de US$ 0,22, cotado a US$ 7,55 o bushel. Para setembro, o milho em Chicago encerrou o dia a US$ 6,77, com valorização de US$ 0,15.

Segundo Pedro Schichi, o mercado ainda olhou para os números divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos na quarta-feira (9/3). O analista destaca que os técnicos reduziram a estimativa de exportação de milho da Ucrânia, mas não elevaram a produção americana na mesma proporção.

"Ainda assim o balanço ficou mais apertado, dando suporte a Chicago. Já hoje (10/3), nós também vimos vendas para exportação de milho dos EUA fortes na semana. E, diferente do trigo, o milho subiu “apenas” 15% desde o início do conflito. Então não existe a mesma percepção de que todo o risco já estaria precificado", acredita o analista da HedgePoint.
Source: Rural

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