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O movimento de importação de fertilizantes pelo Brasil ainda está em linha com o de anos anteriores. Mas a situação atual não é boa e uma interrupção do comércio com a Rússia pode trazer um problema maior. Foi o que afirmou, nesta quinta-feira (10/3), o diretor da Secretaria-executiva do Ministério da Agricultura, Luis Eduardo Rangel, em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária no Senado (CRA).

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Terminal de fertilizantes no Porto de Paranaguá (PR)  (Foto: Manoel Marques/Ed. Globo)

 

"Neste momento, os fluxos de importação vêm seguindo os dos anos anteriores. Mas a situação de fato não é boa, precisamos de atenção. Uma interrupção [do comércio] com a Rússia pode significar um impacto maior. Mantendo a situação, teremos fertilizantes para a campanha do início da safra, mas não teremos necessariamente para a 'safrinha'", disse ele, de acordo com o divulgado pela Agência Senado.

O embaixador Alex Giacomelli da Silva, diretor do Departamento de Promoção de Energia, Recursos Minerais e Infraestrutura do Ministério das Relações Exteriores (MRE), relatou na audiência que um cargueiro russo levantou âncora na semana passada, evitando os portos da União Europeia [interditados aos russos], para trazer fertilizantes para o Brasil.

A guerra entre Rússia e a Ucrânia colocou mais em evidência os riscos dessa dependência externa. O Brasil importa mais de 80% do adubo utilizado no campo a cada safra, com boa parte de origem russa. Com a escalada do conflito militar no leste europeu, a preocupação é com o abastecimento, principalmente para a safra 2022/2023.

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A audiência no Senado para discutir o assunto foi feita um dia antes do lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, pelo governo federal, marcado para esta sexta-feira (11/3). Rangel destacou que o plano prevê uma redução da dependência do Brasil de fertilizantes importados de 85% para 55% até o ano de 2050.

Na avaliação dos participantes do debate, cumprir essa meta vai requerer anos de atuação do Estado. Parlamentares destacaram o potencial de produção de fertilizantes em seu estado de origem. O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), criticou o que chamou de entraves à exploração de jazidas no Rio Grande do Sul.

"Numa região pobre do Rio Grande do Sul, eu encontro uma mina, e daqui a pouco alguém começa a botar empecilho. Essa mina é suficiente para abastecer 20% a 30% da demanda de adubo fosfatado do Rio Grande do Sul. mas eu tenho o Ministério Público complicando a vida dessa empresa, como se fosse causar aqueles problemas de Brumadinho", disse Heinze, em referência ao rompimento de uma mina da Vale, em Minas Gerais, em 2019.

Audiência discutiu dependência do Brasil de fertilizante importado (Foto: Agência Senado)

 

Canadá

Enquanto o plano não é lançado nem executado, a ministra Tereza Cristina fará mais uma viagem a um país fornecedor de fertilizantes. Na semana que vem, ela vai ao Canadá para negociar o comércio de adubo do país.

Antes do estouro da guerra entre Rússia e Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, a ministra viajou para o Irã, onde conversou com fornecedores de ureia. E, ainda em novembro do ano passado, foi a Moscou, onde se reuniu com autoridades e com executivos de empresas de fertilizantes do país.
Source: Rural

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