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O produtor rural do Rio Grande do Sul deve aumentar suas apostas na cultura do trigo na próxima safra de inverno. Rentabilidade nas últimas temporadas, oportunidades de mercado em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, além do clima, têm direcionado o triticultor a expandir área, confiante em uma continuidade da tendência de aumento de preços.

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Rentabilidade e guerra da Rússia devem estimular aumento de plantio do trigo no Rio Grande do Sul (Foto: REUTERS/Eduard Korniyenko)

 

O Brasil chegou a 2,73 milhões de hectares de trigo em 2021, extensão 17% maior em relação à safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para 2022, a companhia considera que a área chegue 2,8 milhões, conforme boletim divulgado no início de fevereiro.

A guerra no leste europeu envove dois países que, juntos, respondem por 30% das exportações globais do cereal. Os preços no mercado internacional dispararam, o que pode levar a uma revisão nos números de expectativa para a safra no Brasil. 

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Hamilton Jardim, coordenador da Comissão de Trigo e Cereais da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), não arrisca números para a área plantada de trigo em 2022. Mas acredita em aumento. “O trigo será a retomada de renda do produtor, como forma de recuperar a frustração com a soja”, disse, em entrevista à Globo Rural, durante a Expodireto Cotrijal, em Não-me-toque (RS). 

Para ele, desde que os preços também estejam altos, os custos mais elevado para o produtor são suportáveis. “O preço do bushel está acima de 10 dólares, isso suporta os altos custos de produção.” Outro fator que traz bons ventos ao trigo, segundo ele, é o clima, já que a continuidade do fenômeno La Niña favorece o cultivo.  

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A produtora e diretora da Sementes Butiá, Veronica Bertagnolli, lembra que, há três safras, o Rio Grande do Sul plantava em torno de 800 mil hectares, bem abaixo das áreas atuais. “Antigamente o trigo era visto como algo de pouco retorno, menor expressão. Hoje, o trigo traz rentabilidade e deixa recursos”, diz. 

Como sementeira, ela confirma o maior interesse do agricultor. “Em torno de 70% do mercado de sementes de trigo já foi comercializado. Apenas entre 20% e 30% está disponível para rodar. Estes são níveis para meados de abril, mas ainda estamos em março”, comenta Veronica.

Ainda assim, ela faz uma ressalva: “o custo-Brasil afasta o abastecimento interno. É mais barato para o Nordeste importar trigo da Argentina do que levar via cabotagem desde o Sul”, comenta Veronica. 

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A indústria também repara nesta movimentação do triticultor. Malu Nachreiner, CEO da Bayer no Brasil, menciona que a previsibilidade do trigo tem sido satisfatória nos últimos anos, por isso, na falta da segunda safra de soja, o cereal se torna ainda mais oportuno. 

“O que determina muito o nível de investimento é a previsibilidade dessa venda. Tendo uma maior demanda, e o Brasil atuando como provedor dessa oferta, isso faz com que o agricultor tenha mais aptidão para investir”, ela observa.

*A repórter viajou a convite da Bayer

Source: Rural

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