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A inovação no campo é o que fez do Brasil um dos maiores produtores de grãos do mundo. Não fossem as pesquisas de instituições como a Embrapa nas décadas de 1970 e 1980, nosso extenso território de clima tropical não seria referência mundial. E foi assim, inovando em técnicas de plantio, sementes, insumos e maquinário que chegamos a 2022, tempo das startups e da tecnologia 4.0 na fazenda. Os próximos desafios? Encontrar e conquistar o produtor.  

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Vozes do Agro (Foto: Estúdio de Criação)

 

A quantidade de startups oferecendo soluções para o agro só cresce. De acordo com o Radar Agritech Brasil 2020/2021, há 1574 negócios no setor. São soluções que atendem o produtor nas fases “antes da fazenda”, “dentro da fazenda” e “depois da fazendo”. Ou seja, temos tecnologias para todas as etapas, o que é bom, mas a questão que ainda desponta na cabeça do produtor é: como escolher?

É fundamental que as startups entendam que os desafios para colocar uma solução no campo passam pela barreira cultural e concorrência do mercado, que está cada vez maior.

Quando falamos sobre barreira cultural, estamos dizendo que o empreendedor precisa convencer o produtor de que determinada tecnologia pode gerar melhores resultados, mesmo que mude a forma dele de trabalhar. E pela minha experiência, o grande problema aqui, é que o empreendedor não fala a linguagem do produtor.

Fazer uma demonstração da ferramenta, contar um case de sucesso podem até surtir algum efeito, mas no fim, para trabalhar com o produtor é preciso sujar a bota e falar a linguagem do campo. A introdução de novas tecnologias no campo impacta em uma série de relações já estabelecidas, como por exemplo, a relação de confiança entre produtor e agrônomo ou tradições familiares, e o empreendedor precisa tratar disso com atenção.

E reforço, o universo de startups tem a sua própria linguagem e ela deve ficar nos ambientes em que cabe a ela. É tarefa de casa do empreendedor avançar no seu entendimento das práticas no campo, para conversar de igual para igual com o produtor.

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De fazenda em fazenda

Agora, olhando para a startup, mesmo que ela aprenda a falar a linguagem do produtor, os negócios que atuam com B2C (oferecem a solução para o consumidor e não para uma empresa) ainda encontram um novo desafio, que é encontrar esse cliente. Seria a solução bater de porteira em porteira? Com certeza não.

Como resultado, as soluções acabam chegando apenas aos grandes produtores, que são aqueles que são fáceis de mapear. E apesar de um grande cliente ser importante, nenhuma startup escala atendendo meia dúzia de pessoas.

A forma que as startups encontraram para resolver isso é se conectando a parceiros que possam fazer essa mediação. Nesse aspecto, as cooperativas ou empresas do agro são boas parcerias. Elas podem atuar como disseminadoras da solução que a startup traz.

O aspecto negativo é que a conversa ainda não é com o produtor. Ou seja, se a cooperativa/empresa não vir valor. Ou não estiver aberta a trabalhar com esse tipo de parceria, a conexão com o produtor morre antes mesmo de acontecer.

É nesse cenário que os hubs de inovação, a exemplo do Cocriagro, ganham importância. O propósito de um hub é gerar um ambiente de conexão e fomento à inovação para seus parceiros. Assim, eles podem ser estratégicos tanto para as startups, quanto para os produtores.

Para as startups, pode ser a entrada desses empreendimentos no mundo do agro, gerando contatos e passando por processos de aprendizagem. Para os produtores, é um ambiente onde ele pode conhecer startups, experimentar, testar e validar soluções, antes de tomar a decisão.

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Temos visto o clima impactar de forma significativa na produtividade nas últimas safras. Soluções inovadoras podem auxiliar em diferentes frentes. Seja na economia de insumos, no melhor gerenciamento ou mesmo em previsões mais precisas. O processo de digitalização do campo foi acelerado pela pandemia e é um caminho sem volta. As startups e suas soluções estão aí. Os produtores e suas necessidades também. Precisamos agora conectar essas pontas de forma eficaz, transformando o campo mais uma vez e mantendo o agronegócio brasileiro no cenário mundial.

*Tatiana Fiuza é Head de Inovação do Hub Cocriagro.

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não refletem, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural

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Source: Rural

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