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Manifestações de executivos de empresas reforçaram, nesta terça-feira (1/3), o cenário de riscos de falta de fertilizantes como consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os russos estão entre os maiores produtores e exportadores mundiais de adubo. Com o avanço dos confrontos e as sanções aplicadas contra o país, especialistas apontam que há uma possibilidade real de desabastecimento do produto.

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Terminal de desembarque de fertilizantes no Porto de Paranaguá. Abastecimento pode ficar comprometido com o avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia (Foto: Manoel Marques/Ed. Globo)

 

Em nota divulgada no site oficial da companhia, o presidente e CEO da Yara International, Svein Tore Holseter, diz que a situação é de extrema preocupação e relata que um dos escritórios da empresa em Kiev, capital da Ucrânia, foi atingido por um míssil. Segundo o executivo, ninguém se feriu. Ao mesmo tempo, a empresa tem comprado o que chama de "quantidade considerável" de matéria-prima da Rússia.

No seu posicionamento, o executivo destaca que Rússia e Ucrânia são potências agrícolas de um sistema alimental global que é frágil. Ele destaca que a Yara é compradora de matéria-prima da Rússia e fornecedora de adubo para a Ucrânia. E, nesse ambiente de instabilidade geopolítica, pode ocorrer problemas no abastecimento de alimentos para nações mais pobres.

"As maiores fontes de matéria-prima para a produção de alimentos da Europa estão sujeitas a limitações e não há alternativas de curto prazo. Uma consequência potencial é que apenas a parte mais privilegiada da população mundial tem acesso a alimentos suficientes", diz ele.

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Holseter reconhece que, no curto prazo, a alta nos preços de alimentos e fertilizantes pode ter impacto positivo para a receita da empresa. No entanto, vê preocupação com o cenário de longo prazo, em que a criação de valor para as empresas depende de um sistema alimentar sustentável, com produtos acessíveis em todas as partes do mundo.

Em seu posicionamento, o executivo destaca que o momento é de ajuda à Ucrânia. Ao mesmo tempo, pede que governos atuem para reduzir a dependência da Rússia.

"É crucial que a comunidade internacional se reúna e trabalhe para garantir a produção mundial de alimentos e reduzir a dependência da Rússia, embora o número de alternativas hoje seja limitado. Isso constitui um dilema difícil entre continuar abastecendo-se da Rússia a curto prazo ou cortar a Rússia das cadeias alimentares internacionais", diz o executivo.

Interrupções prolongadas

Também nesta terça-feira (1/3), o presidente interino da canadense Nutrien, Ken Seitez afirmou que a guerra pode provocar uma interrupção prolongada no fornecimento de adubo, especialmente fosfatados e nitrogenados. À agência de notícias Reuters, ele disse que a empresa vai aumentar sua produção, caso haja problemas de fornecimento da Rússia e de Belarus.

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Em relatório divulgado ainda no final da semana passada, os analista do ItaúBBA lembram que, sendo a Rússia um dos principais fornecedores globais de fertilizantes, a incerteza sobre a disponibilidade de produto trazida pela guerra tende a elevar preços. Soma-se a isso as dificuldades enfrentadas por Belarus, que, também enfrentando sanções econômicas, não consegue escoar sua produção pelos portos da Lituânia.

"A Rússia e a Bielorrússia representam juntas cerca de 36% da produção mundial de potássicos e, para o Brasil, os dois países têm grande representatividade no volume importado dos macronutrientes. O Cloreto de Potássio é o fertilizante com maior relevância, sendo 46,9% do total importado do produto pelo Brasil provenientes dos dois países", diz o relatório da instituição financeira.
Source: Rural

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