Skip to main content

O mercado de capitais no Brasil tem passado, nos últimos anos, por uma evolução que impactou tanto o perfil dos investidores quanto o das empresas que abriram capital. Entre 2018 e início de 2022, o total de pessoas com contas ativas na B3, a bolsa brasileira, passou de 1,02 milhão para 4,97 milhões, um crescimento de 387%. Na outra ponta, a das companhias, foi possível observar uma grande variação dos segmentos de atuação, e o agronegócio voltou a figurar entre os principais destaques em um 2021 em que 46 empresas realizaram seus IPOs (oferta pública inicial) no país.

 

No ano passado, seis empresas do agronegócio estrearam na B3, captaram R$ 10 bilhões e se juntaram às outras 17 que já tinham no mercado de capitais uma opção para buscar recursos e expandir seus negócios. Graças a esse olhar estratégico, aliando espírito inovador, investimentos constantes em tecnologia de ponta e uma extensa área de terras cultiváveis, hoje o volume de negócios gerado no setor ultrapassa os R$ 2 trilhões, soma equivalente a 26,6% do PIB nacional.

Não é para menos: o Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo, com expectativa de colher 140,75 milhões de toneladas de grãos na atual safra, segundo dados da Conab. Isso sem falar no relevante papel que temos na produção e exportação de açúcar e café, além de termos o maior rebanho do mundo.

Leia mais análises e opiniões em Vozes do Agro

Com tamanha representatividade, o agronegócio demanda instrumentos financeiros que assegurem a captação de recursos e crédito, fundamentais para a proteção de preços, gestão de risco, financiamento e investimentos. Um desses mecanismos, disponibilizado pela B3 ao mercado, é a Cédula do Produto Rural (CPR), instrumento de crédito que permite ao produtor rural, cooperativas e outros agentes obterem recursos para financiarem suas produções mediante a entrega futura de produtos. Hoje elas totalizam um estoque financeiro de R$ 91,7 bilhões na B3, um recorde histórico, com 43.717 CPRs registradas.

O assunto ganhou ainda mais holofote com a exigência trazida pela Lei do Agro para que todas as CPRs emitidas sejam registradas em entidade autorizada pelo Banco Central. A medida foi implementada de forma escalonada e, desde janeiro, já está valendo para CPRs com valor igual ou superior a R$ 250 mil. A partir de janeiro de 2024, a obrigatoriedade será estendida para todas as CPRs. Temos um caminho de crescimento para percorrer e podemos citar como exemplo as CPRs Verdes, que a bolsa já está pronta para registrar.

Além disso, o setor reconhece a importância de alinhar estratégia de negócio a instrumentos disponíveis para hedge e gestão de risco, como contratos futuros, em especial à exposição cambial e a variação do preço das mercadorias.

Recentemente, por exemplo, a bolsa do Brasil deu um passo importante nesse ambiente que conecta o mercado financeiro ao agronegócio com o lançamento dos contratos futuro e de opções de Soja Brasil, ferramenta fundamental para uma cultura tão importante e que dá a possibilidade de trazermos a formação de preço da soja para o Brasil.

Lembrando que as cadeias do milho, boi, etanol e café já contam com contratos futuros e de opções disponíveis e que são fundamentais na gestão de risco e na transparência da formação de preço a toda cadeia.

saiba mais

Congresso tem projetos que podem destravar o agronegócio nacional

Comitê Agronegócio visa combater violência contra mulher rural e promover educação

 

O ano de 2021 também mostrou que o investidor mais atento às tendências e preocupado em construir uma carteira sólida e diversificada passou a considerar o agronegócio em seu portfólio. Além das ações de empresas do setor, outra opção de diversificação que entrou no radar foram os Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, os Fiagros.

Isentos de Imposto de Renda (IR) para a pessoa física, os Fiagros podem contribuir de forma positiva para a atração de investimentos no agronegócio, trazendo desenvolvimento ao setor. Atualmente, são 10 desses fundos listados na B3, com volume médio diário em dezembro de R$ 1,5 milhão. Além disso, os Fiagros representam uma oportunidade para o investidor diversificar sua carteira e investir no setor que há anos carrega a nossa economia de uma forma simples, acessível e democrática.

A B3, ao oferecer essas oportunidades, cumpre seu papel de impulsionar o agronegócio brasileiro. Temos ciência de que uma combinação de incentivos e regulação adequados de um lado, e estabilidade econômica do outro podem promover ainda mais esse setor. Falar em incentivar o agronegócio é, certamente, falar de um país que compete globalmente e gera valor. É isso que queremos.

*Fabiana Perobelli é superintendente de Relacionamento com Clientes da B3

**as ideias e opiniões expressas neste atigo são de responsabilidade exclusiva de sua autpora e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

Leave a Reply