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Depois de dois anos apresentando suas novidades em ambiente virtual, a indústria de máquinas agrícolas retoma o contato direto com os produtores rurais em uma feira agropecuária. E, mesmo com problemas climáticos que danificaram lavouras, aumentos de custos de produção e elevação de taxas de juros, representantes do setor avaliam de forma positiva a presença no Show Rural Coopavel, que termina nesta sexta-feira (11/2), em Cascavel (PR).

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Vista aérea da feira. Show Rural Coopavel é o primeiro grande eventi presencial do ano entre as exposições agropecuárias  (Foto: Divulgação/Coopavel)

 

"Houve a frustração de safra, com as geadas no meio do ano (de 2021) e agora, relacionado à soja (seca no Sul). Tudo isso faz com que a gente não comece com a melhor das condições", analisa Eduardo Kerbauy, diretor de mercado no Brasil da New Holland Agriculture, do Grupo CNH Industrial.

Na visão do executivo, o produtor rural está em um momento de cautela. Nos últimos anos, com resultados positivos, o agricultor conseguiu se preparar para enfrentar situações como a atual, mas ainda tende a avaliar com mais calma antes de tomar uma decisão de compra de um equipamento.

"Mas estamos atendendo com nossos concessionários normalmente", pontua Kerbauy, para quem cada situação é avaliada caso a caso. "Não deve ser a melhor feira de todos os tempos, por conta da seca, mas, por outro lado, o que anima são os preços das commodities", acrescenta.

O deafio para o produtor é encontrar a linha de crédito mais competitiva para financiar o equipamento, diante do cenário atual, de aumento de taxas de juros e escassez de recursos a taxas controladas. Do ponto de vista da indústria, a saída é oferecer alternativas, mesmo que as condições não sejam tão competitivas em comparação com o Moderfrota.

"O cliente vai estar sempre em busca da taxa mais competitiva para ele e isso pode causar um certo atraso na definição até que ele encontre. Haverá um tempo maior para o fechamento, mas há a intenção de compra. Não é por falta de produto, mas pela busca pelo mais competitivo", diz ele.

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Ainda assim, a feira não deixou de ser um espaço para a empresa apresentar suas novidades para o mercado, pontua o diretor de negócios para o Brasil. Se o cliente não vai comprar agora, os fundamentos para o médio e longo prazo são "robustos". E a partir do momento em que a segunda safra estiver engrenada, avalia o executivo, o otimismo deve ser maior no setor.

Pensamento semelhante tem Eduardo Penha, executivo da Case IH, outra marca de máquinas agrícolas do Grupo CNH Industrial. "É importante estar próximo do produtor para mostrar as tecnologias que foram lançadas virtualmente nos últimos dois anos", destaca o executivo, pontuando que os últimos dias de feira tendem a ser de maior movimento.

Penha destaca que o setor agrícola vem de um ano positivo em 2021. Lembra que, na safra passada, o produtor plantou com um câmbio mais baixo e colheu com o dólar mais valorizado e preços elevados de commodities. Neste ano, as commodities agrícolas seguem com cotações em níveis elevados, mas os custos estão maiores e há incertezas em relação aos juros, diante do aumento da Selic, a taxa básica da economia brasileira.

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"A expectativa é como vai vir no Plano Safra. Tem pontos positivos e pontos de atenção. Estamos em ano de eleição. Pode ser que o Plano Safra saia em abril", especula o executivo da Case IH.

Ele reconhece que o cenário é de relativa cautela. Mas alerta que ficar cauteloso demais pode levar o produtor a perder oportunidades de adquirir um equipamento novo para a sua produção. Em 2021, lembra o executivo, a indústria tinha mais pedidos do que máquinas para entregar, por causa de dificuldades como a falta de componentes dos equipamentos.

Se, antes da pandemia, havia estoque para pronta entrega, hoje, a depender do modelo, o tempo médio entre o pedido e a entrega do equipamento leva de quatro a cinco meses, a depender do modelo. "Não dá para ter excesso de cautela. O produtor quer garantir a máquina dele e a fábrica tem muito pedido. O excesso de cautela pode levar a perder oportunidade", alerta.

Conexão com o produtor

Outra das grandes fabricantes de máquinas agrícolas com operações no Brasil, a Massey Ferguson, do Grupo AGCO, reforça a avaliação positiva do retorno presencial das feiras agropecuárias para o relacionamento com o cliente. "Proporciona a conexão entre nossa marca e produtos com um número maior de produtores, bem como, a possibilidade de apresentar todo o nosso portfólio, permitindo a interação com o agricultor", diz, em nota enviada à Globo Rural, Alexandre Stucchi, diretor de vendas da companhia no Brasil.

Ele destaca que o produtor está cada vez mais interessado em equipamentos com tecnologias de agricultura de precisão, piloto automático e sistemas de monitoramento. E, apesar do atual momento da safra agrícola brasileira, espera encerrar com resultado positivo a participação no evento, considerado estratégico para o crescimento da marca na região e no Estado do Paraná.

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"Os preços das commodities, safras recordes e o impacto positivo do câmbio fazem com que o produtor siga investindo em máquinas que lhe permitam maior produtividade conectadas a novas tecnologias para produzir mais, gastando menos e com menor impacto ao meio ambiente", avalia.

O executivo ressalta ainda que o produtor consegue encontrar opções para financiar uma máquina. Segundo ele, atualmente, de 20% a 25% das operações são feitas por fontes privadas e previsão é de que esse porcentual cresça e o mercado amplie as linhas. "O produtor encontra boas opções nas mais diversas instituições financeiras, inclusive com linhas em outras moedas", pontua o executivo. "Não podemos esquecer que o agricultor mais capitalizado consegue até comprar máquinas, em algumas situações, à vista", diz ele.

Também em nota, enviada por sua assessoria, a John Deere também manifestou uma expectativa positiva. Na visão da empresa, as perdas ocorrida na safra atual aumentam a necessidade do produtor ser mais assertivo, reduzindo perdas e gastos, potencializando a qualidade da produção e com foco na sustentabilidade.

"Após quase dois anos sem eventos presenciais, a retomada do Show Rural Coopavel marca um momento importante de relacionamento de nossos concessionários com o cliente final e demonstração de tecnologia e tendências para o mercado", diz a empresa, na nota.
Source: Rural

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