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Apesar da estimativa de que o Brasil terá no mês de março o menor estoque de café da história, o Conselho Nacional do Café (CNC) segue otimista. O baixo volume é devido à bienalidade da cultura e principalmente o efeito da seca severa que atingiu as principais áreas de produção do país no ano agrícola 2020/2021.

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Vozes do Agro (Foto: Estúdio de Criação)

 

O aumento do dólar também impactou o custo de produção visto o elevado preço dos insumos para manutenção das lavouras, muito embora tenha dado sustentação à comercialização do café. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o café moído fechou o ano de 2021 com um aumento substantivo em razão da matéria-prima adquirida pela indústria.

O CNC analisou a investida do mercado em estimular o excesso de oferta e demanda através de novas áreas cultivadas, no entanto consideramos que no futuro o desequilíbrio entre oferta e demanda trará como consequência preços não remuneradores para os produtores. O preço alto faz com que a produção mundial de café cresça, mas infelizmente, depois de subidas temos grandes quedas de preços internacionais, pelo excesso de oferta. Agora é momento de esperar. Precisamos ter paciência, porque área suficiente para produzir hoje 75 milhões de sacas de café nós temos. Tecnologia nós também temos.

Apesar dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o IPCA e as chuvas tardias, o CNC tem boas expectativas para a safra 2022. Por causa da seca prolongada a florada já desabrochou, porém muitos se esquecem do período de formação dos frutos. Com as chuvas que estamos tendo a mais este ano iremos gastar em torno de 450 litros para fazer uma saca de 60kg de café. Isso aumenta o volume de café a ser ofertado no mercado.

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Há ainda problemas na cadeia logística que impedem o Brasil de exportar mais café, o que deve ser visto como uma preocupação, pois reflete no volume a ser exportado para o mercado consumidor, já que temos café suficiente, porém não em abundância. Vale ressaltar que o que nós temos hoje em estoque é suficiente para abastecimento do mercado interno e para a exportação.

Levando em consideração que o café é a cultura que mais tem rentabilidade e que não precisa arrancar nenhuma árvore sequer para plantar, destacamos, ainda, o quanto a cafeicultura é sustentável e o quanto o Café do Brasil já cumpre os princípios de sustentabilidade, além de ser uma fonte geradora de renda. Nos preocupamos com a sustentabilidade em seus três princípios: o básico que é o social, o ser humano, que para nós é o mais importante; o econômico que é a remuneração do produtor; e o ambiental. Recentemente lançamos o projeto ‘Café Produtor de Água’ – em parceria com o IICA e o Ministério da Agricultura – mostrando ao mundo que estamos indo muito além.

Ao contrário do arábica, a produção de café conilon não foi afetada pelas intempéries climáticas e tende a se destacar no mercado consumidor. A partir de março, com o fim do período das chuvas, será possível ter uma previsão da próxima safra de café. Contudo, com a produção ainda incerta, os cafeicultores devem ficar atentos aos cuidados e as boas práticas na condução de suas lavouras.

*Silas Brasileiro, Presidente Executivo do Conselho Nacional do Café

**as ideias e opiniões expresas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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