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Os pedidos de explicação enviados pelo governo brasileiro à China sobre a suspensão da autorização de exportação de carne de frango de dois frigoríficos localizados em Mato Grosso do Sul e Goiás podem demorar mais de uma semana para serem respondidos. Com o feriado de ano novo lunar, cujas comemorações vão até o próximo dia 08/02, analistas ouvidos pela revista Globo Rural afirmaram ser pouco provável que a resposta chegue nos próximos dias, repetindo a postura observada em setembro do ano passado, quando o governo chinês decidiu suspender as importações de carne bovina do Brasil.

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China responde por cerca de 14% do total das exportações brasileiras de carne de frango (Foto: Reprodução)

 

“Por mais que o Ministério da Agricultura tenha solicitado uma justificativa e pedido maiores informações, agora dependemos do prazo deles”, observa o analista da Safras & Mercado  Fernando Iglesias ao ressaltar que tudo que se tem até o momento são “especulações” sobre as motivações chinesas. “O próprio Ministério da Agricultura não sabe nada, a ABPA [Associação Brasileira de Proteína Animal] também não está a par da situação e dificilmente vamos ter resposta essa semana porque começou o ano novo lunar”, completa Iglesias.

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No domingo (30/1), a  Administração Geral de Alfândegas da China anunciou a suspensão das importações de carne de frango de dois frigoríficos brasileiros. A medida atinge a São Salvador Alimentos, dona da marca Super Frango, em Itaberaí (GO), e a Bello Alimentos, da marca Frango Bello, em Itaquiraí (MS). Os motivos da suspensão não foram informados. Em nota, o Ministério da Agricultura afirmou que "apresentará as informações técnicas para reverter a suspensão".

Dentre as possibilidades aventadas pelo mercado para a suspensão estão desde problemas na rotulagem e nas instalações das fábricas até uma possível contaminação por Covid-19 em lotes enviados ao país – justificativa que embasou as últimas suspensões de frigoríficos de aves anunciadas pela China. “É [um anúncio] bem estranho porque são frigoríficos que conhecemos de longa data e que fazem um controle bastante criterioso na inspeção”, observa o analista da Safras & Mercado.

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Em nota, a Salvador Alimentos, responsável pela unidade suspensa em Goiás, afirmou que “as causas da suspensão estão sendo analisadas junto aos órgãos competentes, para que sejam adotadas todas as providências necessárias para reativar o quanto antes referida habilitação”. Já a Bello Alimentos, empresa responsável pelo frigorífico suspenso em Mato Grosso do Sul, ressaltou que ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão e que “todas as medidas sanitárias e de segurança, exigidas pelo Ministério da Agricultura e pela China, são seguidas rigorosamente.”.

Desde o início da pandemia, a China tem aumentado o rigor com seus fornecedores, o que tem se refletido em suspensões frequentes de frigoríficos. Em agosto, uma unidade da BRF também foi suspensa sem justificação prévia, sendo alegado posteriormente problemas no transporte até o país. Mais recentemente, sem setembro, um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina motivou um embargo que abrangeu toda a cadeia de carne bovina e durou mais de cem dias. Na avaliação da diretora executiva da Agrifatto Consultoria, Lygia Pimentel, essas suspensões refletem as diferenças culturais entre Brasil e China e tendem a se tornar mais frequentes conforme mais plantas sejam habilitadas a exportar para o país.

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“Eu acho que existe uma diferença cultura gritante com a qual a gente tem se debatido já há muito tempo, não só nesse caso das plantas de carne de frango, mas também no caso da suspensão da exportação de carne bovina”, destaca Lygia ao observar que a China “não costuma dar muita explicação” sobre as suas decisões. “Uma coisa é certa, quanto mais a gente cresce em número de plantas habilitadas, mais problema vai dar. Pode ter certeza. Claro que, via de regra, não é pra acontecer nada, mas entre o feito e o perfeito tem uma diferença grande”, completa a diretora executiva da Agrifatto.

Segundo a ABPA, 43 plantas frigoríficas brasileiras estão habilitadas a exportar para o mercado chinês, país que responde por cerca de 14% do total das exportações brasileiras. Com isso, a entidade avalia que não são esperados impactos significativos para as exportações do setor.

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Source: Rural

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