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Ainda sob a ameaça de chuvas, o Sul da Bahia enfrentará nos próximos meses um desafio adicional ao drama de milhares de famílias que perderam suas casas na região. Com pontes e estradas vicinais danificadas pela correnteza das águas que inundaram 166 municípios baianos, o impacto sobre a logística da produção de leite e cacau tem causado prejuízo a pequenos produtores isolados na zona rural.

Bahia sofre há semanas com chuvas (Foto: Reuters/Leonardo Benassatto)

 

“Os produtores de leite ficaram muitos dias sem energia elétrica e ainda têm muitos lugares nessa situação – o que afeta tanto a ordenha mecânica quanto o resfriamento do leite. Ainda hoje muitos estão perdendo a produção ou doando leite para comunidades vizinhas porque as estradas vicinais também estão totalmente acabadas”, relata o presidente a Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia, Humberto Miranda. De acordo com ele, muitas comunidades rurais encontram-se completamente isoladas e, nas fazendas, a estrutura produtiva, como currais e pastagens, foram dizimadas.

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“O produtor de leite esta afetado porque está começando a produzir o leite e não consegue comercializar por não ter um lugar seguro para colocar o produto num tanque de resfriamento ou entregar na sede dos municípios”, completa Miranda. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo de Carvalho Borges, conta que a situação levou os principais laticínios da região Sul da Bahia a paralisarem a coleta de leite por cerca de uma semana.

“O período mais difícil foi justamente entre Natal e Ano Novo, mas isso [chuvas acima da média] começou mesmo no final de novembro, e passou a normalizar de uma semana pra cá. Mas os danos ainda dificultam o dia-a-dia no campo também em relação ao custo logístico, porque com estradas ruins o custo de deslocamento é muito maior”, explica Borges.

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Embora a situação de emergência já preveja a prorrogação dos prazos de pagamento das parcelas dos financiamentos de custeio e investimento mantidas pelos produtores, ele ressalta que a entidade tem reforçado os pedidos nesse sentido. “Isso precisa ser orientado, a maioria dos produtores não sabem que isso existe”, completa o presidente da Abraleite.

Nas fazendas de cacau, as chuvas não prejudicaram a produção, mas o impacto sobre a safra temporã, que será colhida nos próximos meses, preocupa. “Agora é o momento em que estão nascendo os frutos para a safra temporã e ainda não é possível avaliar se houve impacto de modo a ter uma produção menor. Mas a parte logística realmente foi muito afetada, as estradas ficaram muito ruins e alguns locais tiveram alagamentos, o que pode ter gerado perdas de estoques” explica a diretora-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi.

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De acordo com Anna, o acesso dos produtores até a cidade e dos compradores até os produtores está “bem precário”, sinalizando um ano difícil para o setor. “Com certeza vamos ter um ano difícil em relação a essas estradas e na questão logística por conta dessas chuvas porque o que já estava ruim ficou pior. Então, são questões que a gente vai ter que focar junto com o governo pra buscar alternativas”, completa a diretora-executiva da AIPC.

Com as entregas na indústria em linha com o registrado no mesmo período do ano passado, ela reforça que os prejuízos serão sentidos a longo prazo, conforme fiquem evidentes as perdas de estoques e os danos à infraestrutura de secagem das sementes de cacau nas propriedades e à produção da próxima temporada. “As chuvas afetaram muito a vida das pessoas dessa região e, de alguma forma, acaba atingindo a produção em si. Mesmo que não afete tanto o pé de cacau, acaba prejudicando a família que tem sua casa ou região avariada”, conclui Anna.
Source: Rural

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