Setor que responde por pelo menos 20% do Produto Interno Bruto do Brasil, de acordo com pesquisas, o agronegócio não deixou de impactar nem de ser impactado pelo atual cenário econômico. Em 2021, a renda no campo passou de R$ 1 trilhão, segundo o Ministério da Agricultura. Mas também foi um ano de custos elevados, em um cenário de preços de alimentos pressionando a inflação, alta dos preços de combustíveis e crise logística.
Se o ano passado foi de forte crescimento para a agropecuária, o mesmo não dá para dizer neste ano. Pelo menos de acordo com projeções de órgãos do próprio governo. A expectativa é de que o PIB da Agropecuária termine este ano em queda, depois de um primeiro semestre positivo. Foi um ano de lavouras impactadas por secas e geadas no últimos meses do ciclo agrícola 2020/2021, e de piora nas expectativas nos últimos meses do ano.
Relembre
PIB Agropecuário terminou 2020 com crescimento de 2%
Agro deve representar mais de 30% do PIB do Brasil em 2021
PIB do agro cresceu quase 10% no semestre, mas alta nos custos preocupa
PIB da Agropecuária caiu 9% no 3º trimestre, informa IBGE
Ipea revisa projeção de PIB agropecuário em 2021 para queda de 1,2%
Choque negativo da agropecuária afetou economia no 3º tri, avalia secretário do Ministério da Economia
Dentro da porteira, o produtor rural faturou mais em 2021, indica o levantamento feito pelo Ministério da Agricultura e atualizado mensalmente. O Valor Bruto da Produção (VPB), indicador que mede a renda no campo, deve fechar 2021 no valor total de R$ 1,113 trilhão. E a expectativa para o próximo ano é de se manter na casa do trilhão, avalia o governo. Mesmo com os problemas climáticos que já refletem no desenvolvimento da safra de grãos em algumas regiões do país.
Relembre
Valor Bruto da Produção Agropecuária fecha 2021 em R$ 1,113 trilhão
Receita da produção agropecuária deve crescer quase 10% em 2021
Safra 21/22 deve ser recorde, com custos entre "os mais altos da história", projeta CNA
No ano de 2021, em um país onde a fome e a vulnerabilidade ficaram mais expostos, diante dos efeitos econômicos da pandemia, comer ficou mais caro. Indicadores de inflação refletiram a alta de preços de produtos que fazem parte da cesta básica da população. As carnes por exemplo, só vieram a indicar uma queda na média geral dos preços em outubro, depois de 16 meses, em função do embargo da China. Os problemas climáticos nas lavouras refletiram no quadro de oferta e demanda e toda a cadeia produtiva viveu um cenário de aumento de custos. Algumas, mesmo com alguma dificuldade, repassaram preços.
Relembre
Com alta de preços de alimentos, prévia da inflação encerra 2021 em 10,42%
Preços dos alimentos subiram em novembro e seguem na máxima de 10 anos, aponta índice da FAO
Inflação de alimentos: um fenômeno global com especificidades locais
Atingida por crise de insumos, produção de alimentos deve custar mais também em 2022
Ausência da China reduz preço das carnes ao consumidor pela primeira vez em 16 meses
Hortaliças subiram de preço nas últimas semanas. Entenda o que levou à alta do campo ao prato
Economia precisa melhorar para alimentos ficarem mais baratos, diz ministra
Como em todos os anos, a disponibilidade de crédito oficial foi tema de ampla discussão no setor. O governo anunciou mais um Plano Safra com volume recorde a ter taxas de juros subvencionadas. Mas, em poucos meses, contratações de linhas de crédito de diversos programas foram suspensas por falta de recursos. O ano de 2021 foi também de aumento da oferta de investimentos no setor, não apenas em empresas de capital aberto, mas também com os primeiros Fiagro entrando em operação. E o cenário que começa a se desenhar para a o próximo plano safra já deve levar em conta taxas de juros maiores. A tendência é de maior participação do setor privado no funding do setor.
saiba mais
Plano Safra 2021/22 eleva recursos a R$ 251 bilhões, mas juros também sobem
Plano Safra 2021/2022 é positivo para investimentos em energia solar, diz Absolar
BNDES suspende novos pedidos de crédito para mais quatro linhas do Plano Safra
Plano Safra não foi bom para máquinas agrícolas, avalia Abimaq
Iniciativa privada deve aumentar participação em financiamentos do agro através de fundos
Bolsa de valores B3 inicia negociação do primeiro fundo do Fiagro
Os preços dos combustíveis foram outro destaque econômico do ano. Sucessivas altas de preços definidas pela Petrobras levaram, inclusive, o presidente Jair Bolsonaro, a questionar a política da empresa. Mas a alta do dólar e a paridade internacional do preço do petróleo seguem como diretrizes de definição de preços da empresa. Para tentar conter a alta do diesel e evitar protestos de caminhoneiros, o governo decidiu adiar o aumento da mistura do combustível no diesel de petróleo, mantendo-a em 10%. E também mudou a política de comercialização do biocombustível, que não será mais baseada em leilões oficiais
Relembre
Comissão do Senado aprova projeto sobre preços de combustíveis e cria taxa de exportação
Preços de combustíveis: consultor vê margem para queda e diz que governo deveria ser o 1º a não querer interferir na gestão da Petrobras
Combustíveis e alimentos puxam inflação e IPCA sobe 1,25% em outubro
Bolsonaro reafirma mistura de 10% de biodiesel no diesel e frustra setor de soja
Indústria de biodiesel quer mudanças nas regras do Renovabio em 2022
Mudança no modelo de comercialização de biodiesel desagrada produtores
Quando o mundo vinha caminhando em um processo de reabertura de suas fronteiras e suas atividades, tudo mudou de novo. A desboberta da variante ômicron do coronavírus voltou a trazer preocupação para governos e para os mercados. Na Europa, novos lockdows e medidas restritivas. Na medicida, a discussão sobre a eficácia das vacinas e a aceleração do processo de imunização de crianças. E, na economia, mais uma onda de preocupação com possíveis efeitos dessa nova fase da pandemia sobre a atividade econômica.
Relembre
Ainda é muito cedo para dizer se Ômicron é mais transmissível que Delta, diz OMS
Ômicron representa risco global "muito alto", diz OMS
Variante ômicron pode estender fatores que levaram a alta da inflação
Novos lockdowns por ômicron podem ameaçar indústria do café, diz federação colombiana
Uma das consequências da pandemia sobre a atitividade econômica em nível global foi a crise logística. Menor movimentação de embarcações nos portos e falta de contêineres foram motivo de preocupação para diversos segmentos do agronegócio neste ano. Mesmo entre aqueles que registraram crescimento e até recordes de exportações. Houverquem precisasse buscar alternativas mais caras para atender os clientes fora do Brasil. E, na visão de especialistas, é uma crise que ainda está longe do fim.
Relembre
Crise logística trazida pela pandemia sobrecarrega terminais e atrasa entrega de produtos
Sem contêiner e frete marítimo caro: pior crise logística da história deve durar anos
Ômicron traz risco adicional à crise logística internacional, afirma Maersk
Sem contêiner, produtor embarca nove toneladas de café por avião
Com sacarias e carga solta, falta de contêineres leva a uma "volta ao passado" nas exportações do agro
Vídeo: crise logística afeta exportações e está longe de acabar
Source: Rural