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Chegamos ao final de mais um ano com muitas dúvidas e algumas certezas. A pandemia da Covid-19 deve continuar afetando o mundo, mas as medidas sanitárias adotadas e a vacinação em massa prometem diminuir o número de contaminados e, consequentemente, também o de vidas perdidas. A retomada do crescimento econômico é ainda uma perspectiva e, no Brasil, como não poderia deixar de ser, a agropecuária deve continuar a ser o motor propulsor dessa retomada, o que também influencia nas atividades das nossas cooperativas.

 

O agronegócio começou 2021 com uma expectativa positiva. O setor registrou crescimento, influenciado pelo volume de grãos produzidos, pela forte elevação dos preços do milho e da soja no mercado internacional e, também, pela continuidade das exportações, que anotaram recordes, assim como a geração de empregos. No que diz respeito às cooperativas, manteve-se o mesmo vigor e resiliência observados em 2020. As programações e investimentos foram mantidos, assim como a confiança de que os desafios seriam uma vez mais superados.

Alguns fatores, no entanto, reduziram esse clima positivo inicial e aumentaram as dificuldades do agronegócio ao longo dos meses. Grande parte dos defensivos agrícolas e fertilizantes, por exemplo, tiveram valorização acima de 100%, assim como as rações para dieta animal que subiram cerca de 15% a 20%. Para se ter uma ideia, somente o cloreto de potássio registrou aumento de 152,6% desde janeiro.

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O congestionamento portuário e a falta de contêineres também são problemas que afetam significativamente as exportações, elevando o frete marítimo, principal meio de transporte para o mercado internacional das nossas commodities agropecuárias. Infelizmente, ainda persistem as dificuldades para a retomada de um pleno fluxo ao redor do mundo tanto em decorrência da pandemia como de outros entraves burocráticos que se repetem sucessivamente, principalmente no Brasil.

Outro fator preocupante são os aumentos nos preços dos combustíveis, que contribuem para encarecer os custos de comercialização da produção e insumos. Em novembro, o preço médio do óleo diesel já acumulava alta de 45% se comparado à média de janeiro de 2021. Temos ainda a questão do cenário macroeconômico em que câmbio deve permanecer elevado, assim como a taxa básica de juros, que deve atingir um patamar acima dos 10% logo no início de 2022.

Esse panorama econômico, como já se sabe, reflete diretamente na nossa balança comercial, favorecendo a competitividade e comercialização dos produtos exportados por um lado e desfavorecendo os custos de produção por outro, já que, de maneira geral, a matéria-prima dos insumos agropecuários é importada, tornando-se ainda mais cara com os valores elevados do dólar em relação ao real.

Ainda assim, nem tudo é negativo. A demanda mundial por alimentos, uma necessidade intensificada pela pandemia, deve seguir firme para a maioria das commodities, o que traz novas perspectivas positivas e oportunidades para o agronegócio como um todo. Além disso, nossa produtividade continua batendo recordes.

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Levantamento recentemente divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o ano safra 2021/2022, aponta que a área de grãos deve aumentar 4,11% no período, com estimativa de 71,84 milhões de hectares ocupados. Ainda segundo o estudo, a safra deve atingir 289,8 milhões de toneladas, um aumento de 14,7% em relação ao período anterior, valor que, segundo a série histórica da instituição, é um novo recorde. Todo esse panorama ainda acompanha um ganho de produtividade estimado em 10,9% para o período.

E, nesse contexto, nunca é demais ressaltar que as nossas cooperativas agropecuárias têm consolidado, ano após ano, sua relevância para a produção nacional, graças ao modelo societário diferenciado que possibilita, principalmente, que pequenos e médios produtores rurais tenham acesso à insumos tecnologicamente avançados, uma rede de assistência técnica eficiente e personalizada e vias de agregação de valor e escoamento da produção que permitem que esses cooperados tenham escala e competitividade nos diferentes mercados.

Assim, para 2022, esperamos continuar investindo nos sistemas de gestão e governança para aprimorar cada vez mais a capacidade das nossas cooperativas em reduzir e atender as oscilações do mercado, assistindo da melhor forma tanto seus clientes como seus cooperados.

*Márcio Lopes de Freitas é presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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