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O responsável por achar a maior trufa já colhida no país é um cachorrinho de 11 meses de vida: o Nero. O achado aconteceu durante uma expedição de caça às trufas, em Cachoeira do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 20 de novembro.  Nero apontou onde estava localizada a Tuber Floridanum de 134 gramas, a maior Trufa Sapucay brasileira já vista até hoje.

Nero, o cachorrinho de 11 meses responsável por encontrar a maior trufa já localizada no Brasil (Foto: Divulgação)

 

 

O cão estava acompanhado pelos seus donos Mônica e Carlos Claro, o pesquisador de trufas brasileiras, Marcelo Sulzbacher, Paulo Valentim e Osmar Tesch da Paralelo 30, empresa especializada em noz-pecã e trufas, e do chef Gustavo Sulzbacher.

De acordo com especialistas, a variedade possui características como coloração clara mais amarronzada, aroma frutado, notas adocicadas que lembram castanhas e macadâmias e paladar mais mineral e terroso. Elas harmonizam com pratos leves e doces.

Confira o momento que Nero encontra a trufa junto com seus tutores:

 

Carlos Claro, o dono, conta que, além de ser seu grande prazer, sair para procurar trufas é a hora que Nero fica esperando. “Ele é um cachorro de apenas 11 meses, e apesar de não estar pronto, tem caçado muito bem nos testes. Levamos ele para a expedição no Rio Grande do Sul, e ele achou a maior trufa da história do Brasil. Foi um sucesso impensável, a primeira expedição dele”.

O cachorrinho Nero

 

 

A raça Lagotto Romagnolo foi trazida ao Brasil há cerca de um ano (Foto: Reprodução Instagram / @nerotartuferiaoficial)

 

Nero faz parte da primeira ninhada da raça Lagotto Romagnolo, que foi trazida para o Brasil há cerca de um ano. “Eles trabalham bastante com o focinho no chão, por isso, é uma raça extremamente usada em toda a Europa para isso”, afirma José Airedale, instrutor do Nero.

O profissional explica que nós, humanos, não sentimos o cheiro da trufa, enquanto o cachorro tem uma infinidade de células olfativas, além de ser treinado para identificar odores. “Primeiro, você precisa criar um vínculo de amizade e confiança com o cachorro. Segundo, você precisa fazer com que ele comece a acreditar no seu próprio olfato. E terceiro, você começa a impregnar o perfume da trufa na memória do animal”, explicou.

Para ser um cão farejador, não basta ser da raça lagotto. Segundo o especialista, é necessário ter características psicológicas, e quanto mais experiência, mais fácil é o trabalho. Além disso, existem uma série de procedimentos que ajudam o cão nas caças.

“O melhor horário para se procurar trufa é a primeira hora da manhã, quando o sol acaba de nascer. Nessa hora, o vapor do perfume da trufa está subindo e por estar úmido, ele não some na atmosfera. Depois, com o sol mais forte, esse vapor se dissipa e dificulta o trabalho do cachorro”, explica o instrutor.

Esse trabalho é feito de maneira bem sutil, e o cachorro nem sabe que está trabalhando, e sim brincando. É o prazer que ele tem de executar essa função, tem que ser o ponto alto do dia dele".

José Airedale, instrutor de Nero

O instrutor destaca que esse trabalho é feito de maneira sutil, e o cachorro não sabe que está trabalhando, e sim brincando. “É o prazer que ele tem de executar essa função, tem que ser o ponto alto do dia dele”.

Segundo Airedale, é essencial não banalizar o processo, pois existe um limite para o animal. “Nós não podemos cansar o cachorro, ele precisa estar muito satisfeito e querendo fazer aquilo. Para nós, pode ser que seja um business, para ele não pode passar de uma brincadeira”, afirma. Ele complementa: “eles sempre têm que estar muito felizes quando são escolhidos para fazer a caçada. Da mesma forma, quando você pega a coleira do seu cachorro e fala que vai passear, eles ficam super felizes”.

Mercado de trufas no Brasil

 

 

Tuber Floridanum de 134 gramas, a maior trufa já encontrada no Brasil (Foto: Divulgação)

 

Carlos Claro, além de dono do cão, é proprietário da Tartuferia San Paolo, um espaço gastronômico de trufas localizado em São Paulo. Ele explica que a expedição que culminou na maior trufa já vista no país foi o ponto alto de uma série de ações que começaram em 2016.

“Entre 2016 e 2019, ocorreu um trabalho de verificação de solo, de análise de qualidade das trufas, se os fungos eram comestíveis, seguros. Ao longo dos anos, foi comprovado que são trufas comestíveis e com potencial enorme”, explica.

Claro destaca o trabalho da Paralelo 30, empresa responsável pela área de cultivo de trufas em Cachoeira do Sul (RS), onde foi encontrada a Tuber Floridanum. “Hoje, a Paralelo 30 faz um trabalho de preparação e cuidados com o solo, além do clima da região que permite a colheita dessas trufas”.

Colheita, cuidados e valor agregado

Depois de ser colhida, a trufa deve ser colocada em refrigeração o mais rápido possível. O fungo tem sabores, aromas e perfumes especiais, que se perdem com o tempo. “Ela dura no máximo cerca de 15 dias, então todos os processos têm que ser muito rápidos. Além disso, possui muita umidade, então deve-se tomar cuidado para que isso não vire bolor e se preservem ao máximo seus perfumes”, explica Claro.

O proprietário do restaurante explica que o preço da trufa costuma ser elevado por ser uma variedade rara, escassa, difícil de encontrar, e que depende de condições climáticas. “Após encontrar, ela é muito sensível e tem uma vida útil muito curta. Até que a trufa chegue à mesa, ela exige muitos cuidados e processos caros”.

Por outro lado, Claro afirma que o fato de ser cara não implica em que um prato com trufas tenha que ter preço extremamente alto, afinal, a quantidade de trufa capaz de promover uma boa experiência, é relativamente pequena. “Pequenas quantidades de trufas proporcionam uma experiência que, no prato, não reflete em um custo proibitivo”, finaliza.
Source: Rural

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