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Quando o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) surgiu, há 30 anos, o mundo era outro. Tecnologias que viriam para transformar o conhecimento, a educação, os negócios, o dia a dia nas cidades e no campo, ainda representavam uma novidade para poucos em 1991. Quem naquela época poderia prever que smartphones, plataformas de streaming, GPS, banda larga, telemedicina, se desenvolveriam tão rapidamente e trariam tantas mudanças para a vida das pessoas e das instituições?

Foi nesse ambiente de mudanças constantes das últimas três décadas que o Senar cresceu, adaptou-se e evoluiu para melhorar a qualidade de vida dos produtores rurais e de seus familiares, para cumprir sua missão de “realizar a educação profissional, a assistência técnica e as atividades de promoção social, contribuindo para um cenário de crescente desenvolvimento da produção sustentável, da competividade e de avanços sociais no campo”.

 

Para prestar um atendimento em um país continental como o Brasil, com 5 milhões de produtores rurais com necessidades heterogêneas e espalhados por regiões com as mais diversas aptidões, o Senar possui uma estrutura descentralizada. Suas 27 superintendências nos Estados e no Distrito Federal atuam com uma rede de parceiros locais como sindicatos, cooperativas e associações. Afinal, são os produtores nas suas propriedades, na sua região, no seu município, que sabem das suas necessidades.

Ao completar o 30º aniversário no dia 23 de dezembro, o Senar contabiliza mais de 78 milhões de atendimentos gratuitos com um portfólio customizado de ações que abrangem mais de 360 ocupações no campo.

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Na educação profissional, o Senar entregou nas últimas décadas uma média de 1 milhão de certificados todos os anos. Somente os cursos técnicos em Agronegócio, em Agropecuária e o de Fruticultura, oferecidos em 164 polos de ensino distribuídos pelo país, já beneficiaram mais de 22 mil pessoas. A vocação regional está consolidada nos Centros de Excelência do Senar, como o de Fruticultura, em Juazeiro (BA), o de Bovinocultura de Corte, em Campo Grande (MS), e o novo de Cafeicultura que está sendo construído em Varginha (MG).

Uma das ações inovadoras da instituição foi lançada em 2013: a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG). Um modelo que transforma a vida dos produtores rurais e de todo o setor agropecuário ao oferecer, gratuitamente, atendimento personalizado a partir de uma metodologia própria. De 2013 a novembro de 2021, a ATeG atendeu 191 mil famílias rurais em 25 estados e em 22 cadeias produtivas.

O Senar tem hoje 5 mil instrutores voltados para a parte instrucional, mais de 3.000 técnicos estão na ATeG, um exército que atua no dia a dia da propriedade rural, no diagnóstico individualizado, no planejamento estratégico, na adequação tecnológica, na capacitação e sempre com uma avaliação sistemática dos resultados.

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Em 2020, a pandemia mundial sanitária trouxe enormes desafios. Como capacitar o produtor sem a presença do técnico na propriedade foi um deles. Com agilidade que a situação pedia, o Senar lançou uma série de vídeos sobre gestão e deu inicio à assistência técnica remota. De março a dezembro do ano passado, foram 34,6 mil atendimentos feitos à distância. Feiras seguras, canais para tirar dúvidas e de vendas online também ajudaram os produtores a escoar a produção.

A expertise do Senar com educação a distância não é de hoje e foi, também, essencial na superação dos complexos desafios trazidos pela pandemia. Uma plataforma de cursos com cerca de cem títulos ensinam o produtor desde como gerir sua propriedade até a operar drones. De 2010 até hoje foram registradas mais de 1,2 milhão de matrículas nessa plataforma.

Com mais de 140 títulos e quase 600 mil downloads, as cartilhas digitais são outro carro-chefe da instituição. Elas trazem o passo a passo, a metodologia de ações e processos e vêm para somar ao trabalho dos técnicos de campo. Em 2021 foi lançado o aplicativo “Estante Virtual” para que os interessados possam ter acesso ao conhecimento na palma da mão.

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O Senar promove uma série de ações para aumentar a produtividade e a sustentabilidade. Uma delas é o ABC Cerrado, desenvolvido em conjunto com o Ministério da Agricultura e com a Embrapa. O projeto que conta com recursos do Fundo de Investimento Florestal (FIP) já atendeu 7,8 mil produtores rurais em oito estados com capacitação, assistência técnica e gerencial e foco na adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono.

Na área de Promoção Social, o Senar conta com parceiros como prefeituras, secretarias de saúde e laboratórios para desenvolver as ações de saúde de homens e mulheres no campo. No ano passado, mais de 96,9 mil pessoas participaram das iniciativas. Em 2021, o Senar decidiu levar atendimento médico virtual aos produtores e familiares que fazem parte do Agronordeste. Para se ter uma ideia do sucesso da telemedicina no campo, entre os meses de julho e setembro o serviço alcançou a 6.246 usuários cadastrados com a realização de mais de 200 consultas.

Os números ajudam a balizar o caminho para o futuro. Difícil saber como estará o campo daqui a 30 anos, quais ferramentas serão as mais adequadas. Mas uma certeza nós temos: não importa se por meio de uma prancheta onde o produtor anota e calcula todos os custos de produção, ou com o uso de sofisticadas tecnologias de blockchain, todas as iniciativas do Senar têm e sempre terão como foco o crescimento do setor agropecuário por meio da melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais brasileiros e de uma produção cada vez mais sustentável.

Como entidade, trabalhamos diariamente para criar uma nova classe média rural. Conseguiremos esse objetivo por meio da educação, da capacitação, da promoção social, da transferência de tecnologia e da Assistência Técnica e Gerencial.

*Daniel Klüppel Carrara é diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural
Source: Rural

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