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Curtindo férias em sua terra natal, Ribas do Rio Pardo (MS), o bicampeão mundial de montaria em touros e maior recordista da Professional Bull Riders (PBR), José Vitor Leme, de 25 anos, ainda curte a conquista, mas já pensa no que vem pela frente. O título, em novembro, em Las Vegas, nos Estados Unidos, foi histórico. Mas ele quer mais e diz que vai atrás do tricampeonato, do tetra, do penta…até onde a condição permitir.

“Minha carreira foi muito rápida, mas eu me esforcei muito e estou colhendo os frutos da minha dedicação e treinamento. Não sei qual o meu limite. Vai ser até onde Deus me levar. Mas, com certeza penso em ganhar mais um, mais um e mais um. Quero estar sempre disputando títulos e ficar entre os cinco melhores do mundo”, disse Leme à Globo Rural.

José Vitor Leme levanta o troféu de campeão mundial da PBR, em Las Vegas, ao lado da mulher e do filho (Foto: PBR)

 

Quando conquistou a fivela de ouro da temporada de 2021 da PBR, Vitinho, além de ganhar o campeonato mundial, venceu a etapa decisiva, sendo o único competidor a parar nas seis montarias da prova. Com o resultado, ele acumulou 2.949,5 pontos na temporada, terminando com US$ 1,87 milhão em premiações. E contabilizou marcas históricas. 

No meio do caminho, sofreu uma contusão que o tirou de algumas etapas. Machucou a virilha na vitória em Newark, em 18 de setembro. Fez tratamento intensivo para voltar nas finais, mesmo estado bem à frente, Kaique Pacheco, do americano Cooper Davis e do também brasileiro João Ricardo Vieira, 2º, 3º e 4º colocados e com chance matemática de lhe tirar o título.

Leme não chegou a Las Vegas 100% recuperado. Conta que voltou a sentir a lesão na quarta das seis montarias da etapa final. Saiu da arena mancando, mas passou creme analgésico na virilha e montou ainda duas vezes para sair com a sensação de dever cumprido. 

“Ficar todo esse tempo sem montar foi ruim, mas, apesar da dor que passei a sentir a partir da quarta montaria, eu consegui finalizar bem o campeonato”, diz o peão, que ainda está se recuperando para voltar 100% aos EUA em janeiro. Antes, no começo da temporada, ele tinha quebrado o tornozelo e, no meio do ano, três costelas.

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Em 7 de novembro, quando saltou do lombo do temido Wooppa, o número um do ranking dos touros da PBR e o mesmo animal que havia montado com sucesso na conquista do título de 2020, Vitinho chutou o capacete para o alto, tirou a proteção dos dentes, fez pose e sorriu para a mulher, Amanda, também brasileira, e o filho que estavam na primeira fila da Mobile Arena em Las Vegas, Nevada.

Com aquela comemoração, encerrava o ano com uma montaria perfeita, que lhe rendeu a primeira nota máxima da carreira, 50 pontos, que somada à nota do touro deu pontuação total de 98,75, a maior da história do Mundial. E nem precisava ter montado porque já tinha assegurado o título por antecipação um dia antes.

Ele se tornou o sétimo peão da história de 28 anos da PBR a conquistar dois ou mais títulos mundiais e o segundo depois de Silvano Alves a ganhar dois títulos seguidos. À sua frente apenas dois tricampeões, também brasileiros: Adriano de Moraes, já aposentado, e Silvano, que, aos 34 anos, terminou a temporada em 10º lugar.

De quebra, estraçalhou cinco recordes: o de mais vitórias em rounds em uma temporada (21); mais montarias de 90 pontos ou mais em uma temporada (24); primeira pontuação perfeita de 50 pontos; além da maior nota de todos os tempo, detém a maior pontuação média de montarias em uma temporada (89,82 pontos). Ainda empatou outra marca, obtida pelo bicampeão mundial Justin McBride, em 2017: o de maior número de vitórias em etapas em uma temporada, com oito. Tudo isso sem competir em oito das 30 provas do ano.

 “Foi realmente um ano fantástico, com o bicampeonato, todos esses recordes e números. Não fossem as três lesões, teria sido um ano perfeito”, resume.

Do campo de futebol para o lombo do touro

Sem planos de aposentadoria, Leme, o peão que o mundo quase perdeu para o futebol profissional, diz que, enquanto estiver saudável e bem fisicamente, vai continuar montando touros. Torcedor apaixonado pelo Santos desde criança, ele jogou futebol como meio-campista em categorias de base de clubes do Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo, mas não chegou a se profissionalizar.

“A montaria sempre esteve no meu sangue porque meu pai (José Antonio) montava touros e eu cresci na fazenda vendo isso. Diante da dificuldade de me tornar profissional no futebol, optei por seguir os passos do meu pai e nunca me arrependi”, relembra.

O caubói chegou aos Estados Unidos em 2017 sem saber falar ou escutar inglês, mas hoje diz que se defende bem no idioma. Ele ganhou a chance de disputar o Campeonato Mundial da PBR depois de ser campeão brasileiro. Na sua primeira temporada por lá, já chamou a atenção do mundo dos rodeios como o melhor estreante do ano.

Consagrado e acumulando premiações de milhões de dólares, Vitinho vive em um rancho a cinco minutos da zona urbana de Decatur, no Texas, que tem a inscrição “World Champion” no portão de entrada. No local, cria touros de rodeio e mantém um centro de treinamento e um campo de futebol. Sua rotina inclui atividade física na academia pela manhã e treinar montarias, jogar futebol ou passear com a família à tarde. Às sextas-feiras, geralmente, viaja para os rodeios.

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Hoje com muitos fãs nos Estados Unidos, ele conta que seus ídolos são Adriano Moraes (“sempre foi um espelho para mim como atleta e como pessoa”), Silvano Alves, Guilherme Marchi e Renato Nunes, todos brasileiros que ganharam títulos mundiais, além do americano JB Mauney, bicampeão em 2013 e 2015. No futebol, ele é fã incondicional do talento e dedicação de Cristiano Ronaldo. Entre seus hobbies, além do futebol, estão jogar videogame e conhecer novos lugares.

Tímido, o bicampeão não é de falar muito sobre si ou sobre sua vida pessoal. Perguntado se sentiu medo de montar após a morte do amigo Amadeu Campos, com quem treinava e jogava futebol, preferiu não responder. Amadeu morreu pisoteado por um touro em Fresno, na Califórnia, em uma etapa da divisão de acesso da PBR, em 30 de agosto.

E se o pai foi sua inspiração para trocar o campo de futebol pela arenas de rodeio, ele não espera que o filho siga o exemplo. Perguntado se vai incentivar Theodoro, nascido nos EUA, há 10 meses, a montar, Vitinho respondeu rápido que não. “É uma profissão de muito risco que não quero para ele. Agora, se ele decidir montar, eu vou estar ao lado dele.”
Source: Rural

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