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Está aberta nas gôndolas de supermercados do país a temporada de frangos gigantes temperados de até 4 quilos, com 70% da carne concentrada no peito e nas coxas. As tradicionais carnes de aves das festas de fim de ano já estão disponíveis no varejo, com expectativas de vendas maiores por parte das empresas, apesar dos produtos chegarem ao varejo com preços mais altos, em um cenário de custos maiores para a indústria do setor.

Além do frango com diferentes temperos e em versões que prometem praticidade na hora de preparar e servir, as empresas oferecem para as festas peru, cortes suínos variados e também bacalhau. As novidades para este ano incluem massas, cortes de aves e bovinos, além de produtos listados como gourmet e orgânicos. E até substitutos vegetais.

Aves natalinas seguem como carro-chefe das empresas para as festas de fim de ano, mas consumidor encontrará outras opções de produtos nas gôndolas (Foto: Divulgação/BRF)

 

A BRF, que reúne as marcas Sadia e Perdigão, renova sua tradicional aposta no Chester, ave que produz desde a década de 80 no Brasil. Mas também chega ao varejo com outras opções, como lasanhas com a carne da ave, além de cortes. 

Luciana Bulau, gerente executiva da marca Perdigão, explica que a inspiração para as versões de lasanha veio do crescimento de 320% nas buscas de receitas dessa massa no Google no período do Natal e Ano Novo de 2020 em relação à média anual. No caso dos cortes na brasa, uma pesquisa identificou que 38% dos brasileiros fizeram churrasco na última ceia de Ano Novo.

Questionada sobre o volume que irá para o mercado, a gerente diz apenas que são milhões de unidades. “Por uma questão estratégica, não podemos abrir o número exato, mas com esse investimento na unidade podemos afirmar que a produção de 2021 será maior que a do ano anterior”, diz ela.

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Na Sadia, outra marca da BRF, a principal aposta é no Supreme, na versão chamada de assa fácil, lançada em 2020. Mas também chegam ao mercado neste ano a Ave Orgânica Natalina, com tempero exclusivo e selo de certificação, e um corte de peito de peru acompanhado de farofa e especiarias.

Segundo Luciana, a produção das aves natalinas da BRF é concentrada na planta em Mineiros (GO). Ela conta que, neste ano, a empresa investiu neste ano R$ 100 milhões para aumentar a capacidade instalada para 29 mil toneladas e abriu 600 vagas.

Na Aurora Coop, o carro chefe para as festas de fim de ano é o Blesser. Além das versões tradicional e preparo fácil, a marca oferece neste ano as versões ao Vinho Branco e Tempero Caseiro, além de cortes temperados de alcatra e filé-mignon suíno temperados.

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Leomar Luis Somenzi, diretor comercial, não revela dados sobre tamanho da produção, genética, alimentação, valor de investimento ou onde são criadas e abatidas as aves que integram a linha da marca. Diz apenas que espera um aumento de vendas neste ano de 5% em relação a 2020.

“Com o avanço da vacinação no país e a queda no número de internações (com a Covid-19), há uma expectativa de que em 2021 haja mais confraternizações e festas que no final de 2020, possibilitando um maior número de reencontros entre amigos e familiares”, analisa.

Na Seara, marca da JBS, a expectativa também é otimista para as vendas neste fim de ano. Segundo Rafael Palmer, diretor de marketing e alimentos preparados, as vendas devem crescer 8% na comparação deste ano com o ano passado. O destaque do portfólio de cerca de 30 produtos é o frangão Fiesta, vendido nas versões temperadas, orgânico (lançada em 2020) e assa fácil.

Para este ano, a linha natalina traz como novidades cortes de costela e filé-mignon suíno com molhos. A Seara lança também o peito de Fiesta com recheio de ervas, para quem prefere porções menores. Além de um substituto vegetal para o bacalhau, para quem não consome carne.

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Palmer conta que a ave carro-chefe da empresa para as festas de fim de ano veio atender uma demanda do consumidor que achava a tradicional carne de peru natalina muito seca. Segundo ele, as aves podem atingir até 3,5 quilos e ficam no campo entre 50 e 55 dias. Ele não detalha a criação dos frangos, empregos gerados ou valor de investimentos. Sobre a produção industrial, diz apenas que é espalhada por várias unidades da empresa.

Além dos produtos no varejo, as indústrias oferecem kit natalinos para consumidores e empresas presentearem funcionários e clientes. Na Seara, por exemplo, o kit é apresentado nas versões clássica, tradicional e premium, com 18 combinações. Um destaque é a versão 100% vegetal, com a promessa de sabor e textura de carne.

E, com o avanço do comércio eletrônico durante a pandemia, a internet se tornou um importante canal de comercialização das aves natalinas. A Aurora Coop estima que 10% de suas vendas ocorram por esse canal.

A BRF, além de disponibilizar os produtos nos grandes e pequenos varejistas e em suas lojas conceito Mercato, em São Paulo e Itajaí (SC), comercializa os produtos na loja online.

Mais caros

Se o consumidor vai encontrar mais opções nas gôndolas, vai encarar também preços mais altos. Ainda que a carne de frango seja a mais barata e sua competitividade tenha se elevado, devido aos preços em alta da carne bovina e suína, segundo avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Agrícola (Cepea), da Esalq/USP.

Luciana Bulau, da Perdigão, explica que aumentou o custo de produção com matérias-primas e a cadeia em geral, devido à crise econômica vivida desde 2020. A situação obriga a empresa a reajustar os preços ao consumidor.

Em 1º de dezembro, um Chester temperado de 4 quilos custava em torno de R$ 108 e a versão assa fácil, R$ 120, em grandes supermercados em São Paulo. Já um frango inteiro (sem tempero e sem termômetro) de 2,8 quilo era vendido por R$ 30.

Somenzi, da Aurora Coop, reforça o argumento. “Este ano deverá haver um reposicionamento geral de preços de proteínas suínas e de frango no mercado, em virtude do forte aumento de custos de matéria-prima ocasionado pela alta das commodities agrícolas, além dos aumentos expressivos nos custos de energia elétrica, frete e combustíveis”, diz.

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Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, pontua que, apesar do preço mais alto, a produção dos frangos especiais e das outras carnes natalinas não representa muito no faturamento das empresas. Segundo ele, essa produção especial visa apenas marcar presença no mercado e fidelizar o cliente. 

“São produzidos 6 bilhões de frangos por ano no Brasil e as aves natalinas devem representar apenas de 3% a 5% do mercado”, estima, ressaltando que as empresas também não abrem os dados para a Embrapa.

O Brasil é o segundo maior produtor de carne de aves do mundo. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam em 10,9 milhões de toneladas a produção para consumo interno neste ano, um aumento de 3% em relação a 2020. Isso significa uma disponibilidade de 50 quilos por habitante. No caso da carne suína, o Brasil é o terceiro maior produtor. A Conab estima uma disponibilidade próxima de 15 quilos por pessoa.
Source: Rural

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