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O mundo enfrenta uma nova onda de aumento de preços dos alimentos que pode levar quase 2 bilhões de pessoas à fome durante uma grave crise climática. Em paralelo, agricultores e trabalhadores do campo tentam se adaptar à situação. De acordo com estimativas da ONU, a demanda por alimentos deve aumentar 50% nas próximas décadas, ao mesmo tempo que, em decorrência das mudanças climáticas, o rendimento das colheitas das safras globais pode cair até 30%, informa reportagem da agência Bloomberg.

Demanda por alimentos deve subir cerca de 50% nas próximas décadas (Foto: Getty Images)

 

 

A agência destaca que os preços de commodities agrícolas tem tido alta constante, principalmente em razão do clima adverso em países como Brasil, Estados Unidos e Canadá, por exemplo. Ao mesmo tempo que as nações tentam retomar a economia devastada pela pandemia de Covid-19, o custo dos alimentos seguem subindo, pressionando indicadores de inflação e reduzindo o poder de compra da população.

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As principais previsões de cientistas são de um quadro cada vez mais crítico em relação ao clima com o passar do anos, e com isso, agricultores e empresas sinalizam mudanças para sobreviver nessa realidade. A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) vem se tornando cada vez mais presente, inclusive no sistema financeiro global, que deve dar maior atenção a critérios de sustentabilidade nas concessões de crédito e nos investimentos.

Na Conferência do Clima, a COP26, um dos principais compromissos assumidos pela comunidade internacional foi reduzir em 30% as emissões de metano até 2030, o que coloca pressão, principalmente sobre a pecuária. Emissora de metano, pela própria fisiologia dos animais, a bovinocultura já detém tecnologia disponível para adotar ações que reduzam seu impacto ambiental.

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No Brasil, que detém o maior rebanho comercial do mundo, o desafio é fazer com que a tecnologia e a assistência técnica voltada a uma pecuária mais sustentável, chegue em larga escala ao produtor rural. Na COP26, o Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) pediu compromisso dos líderes globais com mais ações em prol dos agricultores. O grupo tem como meta investimentos anuais de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões até 2030 para financiar soluções ligadas à inovação na agricultura digital.

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Nesta semana, a FAO divulgou um relatório em que analisa alguns dos princpais fatores que têm levado a alta de preços de commodities, transportes e insumos para a produção agropecuária. Em comunicado, a agência das Nações Unidas destaca que a produção de alimentos apresentou uma notável resiliência aos efeitos da pandemia de Covid-19. No entanto, a alta nos preços de alimentos e energia coloca desafios significativos, especialmente em países e consumidores mais pobres, em que a alimentação e os produtos básicos têm maior impacto sobre o orçamento das famílias.

A FAO calcula que as importações de alimentos devem atingir valor recorde neste ano, supoerando US$ 1,75 trilhão. O valor é 14% maior que o registrado em 2020 e 12% maior que a previsão anterior feita pela própria organização, em junho. "O aumento é impulsionado por níveis mais altos de preços de commodities alimentícias comercializadas internacionalmente e um aumento de três vezes nos custos de frete", analisa a FAO, em comunicado que detalha o novo relatório.

Nas contas do órgão das Nações Unidas, as regiões em desenvolvimento devem arcar com 40% dessa conta. As importações de comida nessas áreas deve aumentar 20%, em meio a um cenário de aumento de custos com produtos básicos, como cereais, óleos vegetais e gorduras animais. Nas regiões mais desenvolvidas, os aumentos de preços de alimentos são impulsionados, principalmente, por produtos de maior valor, como frutas, vegetais e pescados.

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A perspectiva é de preços maiores, segundo a FAO, mesmo diante de previsões de aumento na produção agrícola, em alguns casos, com safras recordes. No Brasil, nesta semana, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), revisou para cima sua estimativa de produção de grãos para o ciclo 2021/2022, amparada em uma condição climática mais favorável, que tem ajudado no desenvolvimento das lavouras de primeira safra.

O relatório da FAO pondera, no entanto, que o aumetno na demanda, tanto para alimentação humana quanto para ração animal, deve crescer ainda mais rápido. "Após um equilíbrio apertado em 2020/21, as previsões preliminares para a temporada 2021/22 apontam para algumas melhorias na situação geral da oferta de sementes oleaginosas e produtos derivados, mas seus respectivos estoques de final de temporada podem permanecer abaixo da média", diz.

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A previsão também é de recuperação da produção de açúcar, mas ainda aquém do consumo mundial, avalia o órgão. Nas carnes, a FAO avalia que a recuperação dos planteis de suínos da China, atingida pela peste suína africana (PSA) deve ser um fator de expensão da produção global. Em todas as princi´pais regiões produtoras, a oferta deve crescer, sob o impulso de uma demanda maior. Mas o comércio deve desacelerar, o que a FAO relacionad com importações menores, especialmente na Ásia e na Europa.

O relatório da FAO também considera que o cenário global é de aumento na produção de lácteos e pescados, com uma recuperação também na sua atividade comercial, seja pelo retorno do mercado após o efeitos da Covid-19 e apesar de fatores que afetam a competitividade, com altos custos de frete.

Insumos

De outro lado, o custo com os insumos está maior, de acordo com a FAO, o que, de acordo com o órgão das Nações Unidas, tende a se traduzir em preços mais altos de alimentos. O indicador global de preços de insumos, calculado pela instituição com base no mercado das principais commodities agrícolas, aumento 25% de janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período no ano passado.

"As medidas globais agregadas mascaram grandes diferenças regionais e específicas do setor dentro da agricultura. Os produtores de soja, por exemplo, enfrentam necessidades menores de fertilizantes de nitrogênio, atualmente caros, e devem se beneficiar dos preços mais altos do produto. Os produtores de suínos, em contraste, enfrentam altos custos de ração e baixos preços da carne, reduzindo as margens", diz a FAO.

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Enquanto isso, aumentou o número de países onde as famílias gastam mais de 60% dos seus orçamentos com necessidades básicas, como água, habitação e alimentação. "o aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis pode ter um impacto altamente regressivo sobre os consumidores pobres e recomenda especial “vigilância” a esse respeito", diz o comunicado do órgão das Nações Unidas.
Source: Rural

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