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O embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson, disse, nesta segunda-feira (25/10), que o desmatamento é o maior desafio brasileiro a ser levado para a próxima Conferência do Clima (COP-26), em Glasgow, na Escócia. Em conversa com a imprensa, ele afirmou que, não apenas o seu país como outras nações da Europa defendem a interrupção total da prática, seja legal ou ilegal.

Aos jornalistas, o embaixador britânico afirmou que é importante o Brasil deixar clara a concretude das ações a serem mostradas para reduzir o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Como o compromisso e um plano para atingir o desmatamento zero, já que a prática contribui diretamente para o avanço das mudanças climáticas.

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Peter Wilson, embaixador britânico no Brasil (Foto: Ailton de Freitas/Valor Econômico)

 

“O desmatamento é o maior desafio do Brasil na COP-26”, disse. E completou: “Ver as metas nacionais incluindo desmatamento vai ser importante, na Amazônia e também nos outros biomas, porque o foco vai ser uma economia no mundo natural, e essa é uma vantagem enorme para o Brasil”, disse o diplomata.

Wilson se referiu às contribuições nacionalmente determinadas (NDCs em inglês), que envolvem compromissos voluntários criados por cada país signatário do Acordo de Paris. Nas últimas semanas, de acordo com ele, 19 novas NDCs foram apresentadas por diferentes nações. Isso significa que o compromisso com a descarbonização da economia mundial está tomando proporções maiores.

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Ele pontuou que, em conversas com empresas do agronegócio, com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e com grandes agricultores, “todos dizem que o setor não precisa desmatar”. No entanto, pondera que “o Brasil ainda não decidiu se vai assistir a isso [desmatamento zero]”.

“Aumentamos nossa floresta na Inglaterra e queremos atingir uma meta de 30% do território ser reflorestado. Somos um país bem diferente, mas, para o Brasil, a possibilidade de aumentar as florestas é ainda maior”, defendeu.

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Segundo o embaixador, 120 chefes de Estado já confirmaram presença no evento da ONU. O Brasil deve ter a segunda maior delegação na COP-26, que começa no próximo dia 31, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas não há confirmação da presença do presidente da República, Jair Bolsonaro. A princípio, o chefe da missão brasileira é o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite.

Para Wilson, é importante a participação do presidente Jair Bolsonaro na COP-26. “É muito bom que a participação do Brasil seja grande, mas vamos nos concentrar na substância dos novos compromissos brasileiros. Se a voz do Brasil quer ser clara, a participação do líder do País vai ser importante”, afirmou. Ele ainda pediu que todos os participantes da COP-26 estejam vacinados, mas que aqueles que não se vacinaram, como Bolsonaro, não serão impedidos de participar do evento.

Se a voz do Brasil quer ser clara, a participação do líder do País vai ser importante

Peter Wilson, embaixador britânico no Brasil

Relação com os investidores

Para Peter Wilson, a economia global já caminha em direção à economia verde, seja na Europa, nos Estados Unidos, e também na China. Um exemplo prático é a rastreabilidade exigida pela trading chinesa de grãos Cofco. E não são apenas os governos que estão dispostos a ter mais ambição no combate ao aquecimento global, mas também os investidores.

“Isso [rastreabilidade] é uma pressão dos consumidores e dos investidores, que agora dizem que os riscos relacionados ao meio ambiente são muito mais altos do que há cinco anos”, disse.

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“Os interesses não são uma questão moral, mas de investimento, de como eles fazem dinheiro”, comentou. Desta forma, países que têm a economia fundamentada na agricultura e nas exportações, como Brasil, precisam mostrar que são responsáveis e têm transparência nos processos produtivos.

Com as metas definidas e um plano concreto de ações, a atração de investimentos passa a ser realidade, na perspectiva do embaixador. “Queremos trabalhar com o Brasil com o mercado de alta qualidade. Se for assim, o Brasil tem muito dinheiro a ganhar e muitas contribuições ao mundo de como diminuir as emissões”, disse.

A COP é uma oportunidade para o Brasil mostrar planos sérios para acabar com o desmatamento e o que está fazendo sobre reflorestamento e agricultura sustentável

Christopher Wright, conselheiro para clima e política na embaixada britânica

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Com o fim do desmatamento, cresce o potencial de comercialização de carbono pelo Brasil, ponto também crucial para as discussões na COP-26. Mas, novamente, para o país ser "levado a sério", a sério, é preciso mostrar metas concretas e como atingi-las. “A COP é uma oportunidade para o Brasil mostrar planos sérios para acabar com o desmatamento e o que está fazendo sobre reflorestamento e agricultura sustentável”, resumiu Christopher Wright, conselheiro para clima e política na embaixada britânica. Outras possibilidades que podem fazer o Brasil se sobressair na agenda para uma economia verde é a potência de energias limpas, como eólica e o próprio etanol.

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Source: Rural

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