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A agricultura e os sistemas alimentares têm relação direta com as discussões do clima. E, diante da urgência cada vez maior de se mitigar os efeitos das mudanças climáticas, adotar modos de produção diferentes – com a monocultura e exploração contínua do solo dando lugar às agroflorestas ou sistemas de integração lavoura-pecuária – pode trazer também benefícios econômicos. 

É o que mostra o relatório 'Comida melhor, Brasil melhor – acelerando o financiamento de uma agricultura sustentável no Brasil', lançado na sexta-feira (22/10), pela Blended Finance Taskforce, com o apoio da SYSTEMIQ e da Partnerships for Forests, iniciativa financiada pelo governo britânico. De acordo com o documento, sistemas de produção agrícola mais sustentáveis podem gerar investimentos de US$ 70 bilhões por ano pelo menos até 2030, com oportunidades de negócios em diversos segmentos.

Alimentos vegetais (Foto: Getty Images)

 

"O país já está na vanguarda da inovação, trabalhando para dimensionar modelos de negócios regenerativos e desenvolvendo produtos e soluções financeiras vinculadas à sustentabilidade. Com base nas recomendações do relatório, o país pode acelerar essa inovação, tornando-se o modelo global de como financiar a transição para uma economia positiva para a natureza”, afirma Katherine Stodulka, diretora The Blended Finance Taskforce

O documento aponta pelo menos oito modelos de negócio diferentes, reunindo iniciativas que valorizem a preservação da floresta ou intensificação sustentável da produção. Só no extrativismo sustentável, por exemplo, o potencial é de gerar US$ 20 bilhões por ano até 2030.

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“Sistemas agroflorestais são importantes tanto para o regenerativo quanto para a ampliação de renda. Não podemos deixar de fora desde a pecuária até a castanha. O Brasil é diverso. Temos que entender isso e atacar todas as frentes”, defendeu João Pacífico, CEO da Fundação Gaia. O ativista e executivo operacionalizou a emissão dos certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) para sete cooperativas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cuja captação foi de R$ 17,5 milhões no mercado de capitais.

Ele afirma que o mercado financeiro tem passado por uma mudança de mentalidade. O impacto que o negócio pode causar está pasando a ser tão decisivo quanto o custo e o retorno da operação em si. Com isso, a forma de financiar a produção de alimentos também deve se adaptar, dando prioridade a métodos produtivos de baixa emissão de gases de efeito estufa e a recuperação dos solos.

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Aproveitar essas oportunidades também requer enfrentar o que a força-tarefa chama de custos ocultos, como problemas de logística, intempéries e outras casualidades que encarecem a produção. O relatório calcula que, até 2030, seriam necessários investimentos anuais em torno de US$ 21 bilhões em práticas agrícola regenerativas e outras iniciativas que conciliem a produção e a preservação.

Pode dar resultado. Em uma lógica produtiva mais integrada às soluções baseadas na natureza, a estimativa do relatório é que o Brasil poderia economizar algo como US$ 300 bilhões a cada ano até 2030. No entanto, mudar de forma tão significativa um sistema de produção de alimentos exige também ferramentas mais facilitadas para tomada de crédito e financiamentos alinhadas a esta agenda verde.

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De acordo com Rodrigo Quintana, gerente da SYSTEMIQ Brasil e América Latina, o relatório identifica as barreiras para transição que produtores, investidores e governos enfrentam atualmente, mas norteando algumas alternativas para que as iniciativas público e privada direcionem recursos para práticas de recuperação da biodiversidade.

“Precisamos minimizar e redirecionar o financiamento de práticas agrícolas prejudiciais ao meio ambiente, escalonando e acelerando em formatos que são positivos para a natureza. Os investidores e outros representantes do setor financeiro precisam reavaliar os retornos de curto prazo e trabalhar com fornecedores de capital catalítico para reduzir o risco e a incerteza em torno de novos modelos de negócios regenerativos”, disse.

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Source: Rural

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