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Diante da emergência das mudanças climáticas e do aumento da população mundial, o agronegócio está diante de dois grandes desafios. De um lado, elevar a oferta de alimentos na ordem de 50% até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). De outro, chegar a esse patamar sem expandir as áreas cultiváveis em detrimento dos biomas naturais.

Superar esses desafios é possível se encaramos as atividades no campo e as medidas de conservação da biodiversidade como complementares, e não antagônicas. As pesquisas científicas mais recentes no campo da agronomia e da biologia nos ensinam o quanto a agricultura se beneficia com o manejo sustentável da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos (ou ambientais) que ela promove.

É o caso da polinização agrícola, serviço ofertado gratuitamente por insetos, aves, mamíferos e outros animais. Hoje sabemos que cerca de 75% dos cultivos agrícolas usados pelo homem são beneficiados por polinizadores animais, dos quais as abelhas são os mais eficientes.

 

 

O grau do benefício oferecido varia de acordo com o cultivo, mas alguns exemplos apontam o potencial de ganho de produtividade com a adoção de práticas que atraiam os polinizadores para as plantações.

É o caso do café. A visita de abelhas às flores do cafeeiro pode elevar em até 30% a produção de frutos. O cultivo da maçã, por sua vez, é altamente dependente de polinização cruzada. Estudos demonstraram que a ausência de polinizadores na época de floração da macieira ocasiona perda de 40% a 90% na produção da fruta.

Já o exemplo que vem da citricultura é especial, pois demonstra os benefícios mútuos da coexistência de duas atividades: a produção de laranja e de mel. Polinizadores podem incrementar de 10% a 40% a produção de frutos de algumas variedades de laranja.

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Por outro lado, a flor de laranjeira é rica em néctar para as abelhas. Logo, os laranjais são muito procurados por apicultores, que colocam seus apiários nas proximidades na época da floração. Cerca de 80% do mel paulista vem de municípios que cultivam citros – é o valorizado mel de laranjeira, um dos favoritos dos brasileiros.

Assegurar a manutenção de comunidades diversas de polinizadores e das plantas utilizadas por eles em áreas cultivadas significa maximizar a produtividade agrícola, conservar a natureza e aumentar a capacidade de recuperação de serviços ecossistêmicos.

Cada vez mais diversos atores do agronegócio estão cientes dessa interdependência entre agricultura e biodiversidade. Muitas delas apoiam o trabalho da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), que atua na disseminação desse conhecimento para a sociedade e os setores agrícolas. A organização tem como missão a promoção da convivência harmônica e sustentável das atividades do campo com as abelhas e outros polinizadores.

Para ajudar nesse objetivo, a Associação lançou o Selo Parceiros da A.B.E.L.H.A., que reconhece instituições e empresas que amparam a missão da Associação e estão alinhadas ao compromisso com a conservação da biodiversidade.

Assegurar a manutenção de comunidades diversas de polinizadores e das plantas utilizadas por eles em áreas cultivadas significa maximizar a produtividade agrícola, conservar a natureza e aumentar a capacidade de recuperação de serviços ecossistêmicos"

Ana Lucia Assad

O selo concede reconhecimento público do engajamento dessas organizações com as diversas ações de sustentabilidade realizadas em conjunto com a A.B.E.L.H.A., que incluem seminários e ações de divulgação e educação ambiental, sempre com base científica.

Entre os Parceiros da A.B.E.L.H.A. estão a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Croplife Brasil, Basf, Syngenta, Corteva Agriscience, Ourofino Agrociência, entre outras. São organizações com potencial de influenciar outros agentes do setor para, diante dos desafios que se apresentam, colhermos os frutos de uma agricultura em harmonia com biodiversidade.

Entre as medidas que a A.B.E.L.H.A. difunde para a conservação das populações de polinizadores estão a manutenção das Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal e o aumento da área de cobertura florestal ao redor dos cultivos. Também a adoção de boas práticas no uso de defensivos agrícolas, como obediência à legislação e bula dos produtos, bem como a comunicação entre produtores e apicultores vizinhos.

Esse entendimento da complementaridade da conservação da biodiversidade e da atividade agrícola pode não apenas levar a um aumento de produtividade no campo de forma sustentável, mas também dar ao agronegócio o protagonismo no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais que se apresentam.

Para saber mais sobre a iniciativa e conhecer nossos Parceiros, acesse o site.

*Ana Lucia Assad é Diretora Executiva da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (Associação A.B.E.L.H.A.)
Source: Rural

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