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No dia 1º de setembro, entrou em vigor a Portaria 375 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estabelece os requisitos e critérios para a certificação voluntária dos produtos de origem vegetal destinados à exportação. O documento visa garantir a qualidade e a segurança desses produtos e fortalecer a comercialização de diversas cadeias produtivas.

Para os cotonicultores, é uma grande conquista. As normas abrem caminho para um passo há muito esperado: a implementação do Programa de Certificação de Conformidade Oficial do Algodão Brasileiro, uma espécie de visto que atestará a qualidade da pluma nacional, nos moldes do Green Class Card emitido pelo governo dos Estados Unidos.

 

A chancela do governo brasileiro à pluma nacional nos colocará em pé de igualdade com os produtores norte-americanos, nossos maiores concorrentes no crescente mercado global de algodão. A certificação oficial será uma garantia, para os compradores internacionais, da origem da nossa fibra e da confiabilidade das análises de qualidade, feitas sob supervisão da Abrapa através do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI).

O modelo a ser adotado é o de auto-controle. A Abrapa, em parceria com o Mapa, oferecerá um treinamento para os responsáveis técnicos indicados pelas usinas de beneficiamento de algodão, para que possam atuar como inspetores credenciados.

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Esses profissionais estarão habilitados para acompanhar o processo de retirada das amostras de cada fardo. Além das usinas, há passos a serem cumpridos no laboratório e na checagem dos equipamentos de análise pelo SBRHVI. Só então o documento de conformidade será emitido pelo Ministério da Agricultura via web service.

Todo o processo será coordenado pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov) do Mapa, responsável pela emissão do Certificado de Conformidade de Produto de Origem Vegetal que acompanhará cada fardo de algodão até o seu destino final.

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A viabilidade do modelo de auto-controle é resultado de anos de trabalho da Abrapa e das associações estaduais, na construção de sólidos programas de rastreabilidade e qualidade e na conscientização dos produtores sobre a importância de adesão aos protocolos.

Temos orgulho em dizer que 100% da pluma que exportamos é rastreada pelo Sistema Abrapa de Identificação (SAI) e 90% dos cotonicultores brasileiros fazem parte do SBRHVI. Estamos aptos a implementar, com a eficiência e segurança necessárias, o sistema de auto-controle para emissão do certificado oficial de conformidade do algodão brasileiro.

Com o selo oficial, passaremos a ter um produto 100% certificado, o que fortalecerá a relação de confiança com os mercados e valorizará nosso produto

Júlio Cézar Busato

Nossa meta é adotar a certificação voluntária na safra 2021/2022, que começa a ser cultivada em outubro. O algodão brasileiro já é certificado sob o ponto de vista ambiental, social e econômico, dentro das fazendas produtoras e das unidades de beneficiamento. Com o selo oficial, passaremos a ter um produto 100% certificado, o que fortalecerá a relação de confiança com os mercados e valorizará nosso produto. 

Hoje, mesmo com indicadores médios de qualidade superiores aos dos Estados Unidos, o algodão brasileiro ainda é subvalorizado no mercado asiático, cotado de 400 a 500 pontos abaixo do produto americano. Em 2020, a indústria asiática pagou, em média, 11% a mais pelo algodão Green Class dos EUA. A diferença equivale a US$ 127,97 por hectare. Isso significa que estamos deixando de ganhar R$ 1,16 bilhão por ano.

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A certificação, por parte do governo federal, permitirá a consolidação da boa imagem do algodão brasileiro no mercado internacional e garantirá a credibilidade necessária para que nossa pluma seja reconhecida e valorizada como uma das melhores do mundo.

*Júlio Cézar Busato é presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa)

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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