Skip to main content

“O consumidor brasileiro não está disposto a encarar essa aventura do trigo transgênico.” A afirmação foi feita pelo presidente do Sistema OCB, Organização das Cooperativas do Brasil, Márcio Lopes de Freitas, nesta terça (21/9) durante o Congresso da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que reuniu virtualmente especialistas e representantes do setor.

Segundo Freitas, a Argentina, único país que liberou o plantio de trigo geneticamente modificado em seu território, vai ter problemas internos e externos de rejeição ao produto e o Brasil também pode ter, se decidir liberar o produto para comercialização.

Lavoura de trigo (Foto: Reuters)

 

Pablo Maluenda, consultor do setor privado do mercado de trigo que atua nos Estados Unidos, concorda e diz que, além da rejeição do mercado global, que já ocorreu anos atrás quando uma multinacional tentou implantar o trigo transgênico, há um risco de as sementes geneticamente modificadas plantadas em 60 mil hectares na Argentina contaminarem outras áreas de trigo.

O Brasil importa cerca de 60% do trigo que consome. A maior parte vem da Argentina. Na safra 2021/22, a área plantada por lá deverá chegar a 6,65 milhões de hectares para uma produção recorde de 20,5 milhões de toneladas, segundo estimativas do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

saiba mais

Conab vê safra recorde de trigo e queda nas importações pelo Brasil

Importação brasileira de trigo fica praticamente estável em agosto

 

No início deste mês, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) adiou para outubro o parecer sobre a liberação comercial no Brasil do trigo geneticamente modificado produzido na Argentina. A Abitrigo já se posicionou contrária à liberação devido à grande rejeição do mercado consumidor no país.

O posicionamento do consumidor foi tema de outros debates no congresso. Andrea Stoll, gerente de negócios da Nieseln, disse que a pandemia provocou mudanças no comportamento do consumidor, acentuou a tendência de saudabilidade e 84% dos brasileiros responderam em pesquisa do instituto que introduziram pelo menos um hábito saudável em sua rotina alimentar. No trigo, ela destaca o crescimento do consumo de produtos integrais.

Leia mais notícias sobre Trigo

Para Joanita Karoleski, presidente do Fundo JBS pela Amazônia, as letras ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) representam o tripé da sustentabilidade que passou a nortear as escolhas do consumidor. “A nova geração de consumidores e investidores é mais consciente e exigente, por isso a cadeia do trigo não pode olhar apenas para o lucro. É mandatório trabalhar com transparência e responsabilidade ambiental e social.”

Antonio Celso Bermejo, diretor-presidente do Moinho Cruzeiros do Sul, destacou que os moinhos trabalham com 35% de capacidade ociosa, registram queda de rentabilidade desde 2016 e, mesmo assim, a maioria das 156 plantas instaladas no país ainda repete o modelo antigo de investir na modernização da fábrica e tenta repassar para o consumidor os aumentos da matéria-prima, que subiram 85% em um ano.

O novo consumidor quer saber a origem e como foi produzido o alimento que consome. A indústria vai ter que passar por um movimento de depuração. É preciso um investimento forte em novas práticas sociais, ambientais e de gestão para ser reconhecido no futuro. Quem não conseguir investir em inovações, vai ficar fora do mercado

Antonio Celso Bermejo, diretor-presidente do Moinho Cruzeiros do Sul

 

Embrapa

Na abertura do congresso, Celso Moretti, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, destacou o crescimento da área e produção de trigo no Cerrado brasileiro, catapultado pelas cultivares desenvolvidas pelo órgão, que chegam a 123 em 40 anos de pesquisa. Segundo ele, 75% das variedades usadas hoje no país têm tecnologia da Embrapa.

“Com investimento em pesquisa e inovação, saímos de 655 kg por hectare na década de 70 para uma média acima de 3.000 kg/ha e já produzimos um trigo premium com a mesma qualidade do trigo canadense”, disse, lembrando ainda do recorde de produtividade mundial estabelecido na semana passada pelo produtor Paulo Bonato, de Cristalina (Goiás), que colheu 9.630 kg ou 160,5 sacas por hectare.

saiba mais

Empresa viabiliza transporte marítimo de trigo em contêiner no RS

Estatal do Egito tenta importar trigo para entrega entre 25 de outubro e 3 de novembro

 
Source: Rural

Leave a Reply