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A mulher brasileira vem desempenhando um importante papel no cenário agrícola familiar. Em todo o Brasil, são quase 3,9 milhões de estabelecimentos agropecuários familiares que geram 11,6 milhões de ocupações/emprego sendo que 2,3 milhões dos postos de trabalho são ocupados por mulheres, segundo o Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2019).

A maior parte das agroindústrias familiares situadas na cidade de Nova Friburgo, região serrana do Estado do Rio de Janeiro, têm como característica comum serem lideradas por mulheres, o que demonstra o protagonismo feminino no meio rural.

 

A mulher agricultora é uma peça fundamental da cadeia produtiva, sendo responsável pela lida na lavoura, comercialização dos produtos por ela cultivados, trabalhos esses aliados à economia do cuidado ou care economy, que são os afazeres domésticos e familiares.

A produção para a subsistência e a busca por uma atividade econômica que agregasse renda à economia familiar levou as mulheres a repassar sua experiência da cozinha para a produção de alimentos comercializáveis.

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No primeiro momento da evolução, os trabalhos das mulheres eram realizados artesanalmente no espaço da cozinha, vislumbrando a possibilidade de construir um lugar próprio para a produção, fora da residência.

Assim surgiram as agroindústrias familiares e aquilo que era classificado como atividade secundária passou a se constituir uma atividade econômica principal da propriedade. Atualmente, muitos dos produtos que são comercializados nas feiras são preparados em fogões à lenha ou a gás em pequenas cozinhas, que se transformam em pequenas agroindústrias artesanais.

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A “broa de planta” e a “chimirra”, um queijo de consistência semelhante ao cottage, são produtos agroalimentares tradicionais produzidos por mulheres nos ambientes de montanha da região serrana fluminense e têm o apoio do projeto organizado por pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e alinhados ao ODS 2.3, que visa "garantir a segurança alimentar e nutricional de meninas adolescentes, mulheres grávidas e lactantes, pessoas idosas e povos e comunidades tradicionais".

O trabalho dos pesquisadores consiste em capacitar as produtoras nas boas práticas de fabricação de alimentos processados em agroindústria familiar visando prolongar a vida útil da chimirra e da broa de planta, essa última com utilização de produtos naturais à base de plantas condimentares de fácil aquisição, contribuindo para produção de alimentos seguros para consumo humano e proporcionando o aumento da renda.

Quando se olha para o campo, pode-se observar inúmeras atividades nascendo a partir da iniciativa feminina

Cristina Takeiti, Fénelon do Nascimento Neto, Janice Lima e Lilia Salgado

Quando se olha para o campo, pode-se observar inúmeras atividades nascendo a partir da iniciativa feminina. A realidade não é diferente no Rio de Janeiro, Estado caracterizado por significativo número de pequenas propriedades, diversidade de produtos agrícolas e empregos baseados na mão de obra familiar.

São 43.786 estabelecimentos agropecuários familiares fluminenses, que geram 103 mil postos de trabalho, sendo mais de 17 mil ocupados por mulheres (IBGE, 2019). O número de estabelecimentos que têm agroindústrias rurais (familiares ou não) soma 3.418 em todo o Estado.

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Dessa forma, protagonismo da mulher no meio rural no que se refere à produção artesanal ou agroindustrial sustenta suas famílias e complementa anonimamente a renda familiar, precisando ser valorizado para sair da informalidade social e comercial.

*Cristina Takeiti, Fénelon do Nascimento Neto, Janine Lima e Lilia Salgado são pesquisadores da Embrapa

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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