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Conceder crédito para financiar a agropecuária de baixa emissão de carbono e de outros gases de efeito estufa é uma alternativa para incentivar a produção sustentável e colocar em prática os conceitos ESG – ambiental, social e de governança. No entanto, os subsídios também podem escancarar os problemas fiscais do Brasil e, em vez de facilitar, complicar o mercado de carbono. O assunto foi discutido nesta segunda-feira (2/8) durante o Congresso Nacional do Agronegócio, promovido pela Abag. 

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, ressaltou que uma pesquisa feita pela consultoria, com base em 19 países emergentes, apontou que o Brasil é o terceiro pior dentro dos critérios de ESG. “Do ponto de vista ambiental, vamos muito bem, mas as questões de governança e social estão ruins, precisamos melhorar nos próximos anos”, afirmou.

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Integração pecuária e floresta é um exemplo de mitigação de gases de efeito estufa que pode contribuir para o mercado de carbono no Brasil (Foto: Ilustração: Guilherme Henrique)

 

De acordo com ele, isso passa pela necessidade de o setor público dar mais prioridade à agenda de carbono. “Esses riscos fiscais para custo de crédito, a gente tem uma dificuldade crescente. No processo inflacionário em que estamos, com taxa básica de 7%, 8%, cenário eleitoral muito duro, a situação fiscal está difícil”, falou.

Para Carolina da Costa, sócia da Mauá Capital, o crescimento do Programa ABC no Plano Safra “ainda não é o suficiente” e o caminho do crédito passa, majoritariamente, pela participação do setor privado, mais organizado. “A gente precisa de coordenação de como alinhar incentivos, colocar o capital a serviço de práticas”, comentou.

Ela alerta para a necessidade de o agronegócio brasileiro ter um horizonte bem definido quando o assunto é o carbono. “Se isso não estiver bem equacionado, o carbono não vai ter o destaque que poderia ter. Ele não vai ser aportado sem organização. O fator de competitividade do tema carbono está ligado ao qual é nosso projeto”.

Carolina acrescenta que este compromisso faz parte do pilar de governança do ESG e cita que apenas 20% dos produtores no País têm acesso à assistência técnica. “É preciso incentivo, assistência técnica, com cadeias integradas, para que tenha carbono sustentável. Caso contrário, é um ativo que pode confrontar o que o mercado global está pedindo”, observou.

Fábio Zenaro, diretor de Produtos Balcão e Novos Negócios da B3, destacou a necessidade de mensurar e comprovar os efeitos do crédito. Para ele, a questão regulatória tem evoluído no Brasil, a exemplo da atualização da Cédula do Produtor Rural (CPR), mas o crédito de carbono “precisa ter critérios que sejam comprobatórios”.

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Do ponto de vista ambiental, vamos muito bem, mas as questões de governança e social estão ruins, precisamos melhorar nos próximos anos

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados

 

 

O mercado de carbono deve ser a principal discussão da Conferência do Clima (COP26), prevista para acontecer em novembro, em Glasgow. 

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Source: Rural

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