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André Cunha, vice-presidente da Associação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana (AMSC), estima entre 5% e 10% as perdas causadas pela geada e as baixas temperaturas registradas na semana passada na região, que compreende 14 municípios paulistas e 9 mineiros. Ele conta que a geada provocou queimaduras em boa parte das lavouras, diminuindo o potencial produtivo do café para a próxima safra.

Em Ribeirão Corrente (SP), André Cunha mostra os danos causados pela geada em sua lavoura (Foto: André Cunha/ Arquivo Pessoal)

 

“Na madrugada do dia 1º, a geada queimou um pouco, mas no dia 2, quando nem havia expectativa de geada, foi ainda pior. Eu tinha 15 hectares que iriam começar a produzir no próximo ano e vou ter que arrancar tudo e plantar de novo porque não tem como fazer poda”, diz Cunha, que tem 350 hectares de café, sendo a metade orgânico, em duas fazendas nos municípios de Ribeirão Corrente (SP) e Ibiraci (MG). Quase metade da produção é de cafés especiais, aqueles que têm pontuação acima de 80 pontos.

Segundo o dirigente, produtor e também dono de armazém de café, as lavouras dos cerca de 5.000 cafeicultores da Alta Mogiana já estão impactadas pelo período seco, que, somado aos efeitos da geada, deve acarretar uma quebra de até 50% no potencial produtivo da safra de 2022.

“Na região, estamos passando pelo maior déficit hídrico dos últimos 90 anos. Se não chover o suficiente a partir de setembro para termos uma boa floração, a quebra vai ser grande e veremos café acima de R$ 1.000 a saca.” Na segunda-feira (5 de julho), a saca de café arábica fechou a R$ 850 na Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec), em Franca.

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Cunha diz que, no ano passado, a chuva só chegou em novembro, o que impactou muito sua produção, voltada para exportação. “Mesmo sendo ano de bienalidade negativa, eu esperava colher 20% a mais por causa do perfil da minha lavoura, mas vou colher 25% a menos que no ano passado. Nem a irrigação de 30% do cafezal ajudou muito porque faltou água também para irrigar.”

Anderson Minamihara, também produtor na Alta Mogiana, disse que seus cafezais 100% orgânicos não foram muito impactadas pela geada por serem sombreados. A família cultiva 114 hectares em quatro propriedades em Cristais Paulista e Franca, em consórcio com abacateiros também orgânicos. “Mas vi muitas lavouras dos vizinhos e das cidades de Ibiraci e Patrocínio Paulista bem queimadas. A geada provocou a morte das plantas novas e queimou os ponteiros. Ainda não dá para saber o prejuízo para a região, mas deve ser grande.”

Nesta safra, ele diz que sua produção, que varia de 2 mil a 5 mil sacas por ano, está baixa devido à seca e à renovação das plantas. O café Minamihara é exportado para o Japão, com marca própria, e para os Estados Unidos e Europa.
Source: Rural

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