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Em meio a uma disputa entre o setor hidroviário e de geração de energia elétrica por conta dos baixos níveis dos reservatórios nas bacias do rio Tietê e Paraná, onde estão localizadas oito hidrelétricas, o Ministério de Infraestrutura destacou nesta sexta-feira (2/7) que adotará esforços “na medida do possível” para manter a navegação na hidrovia.

A pasta também reforçou que a prioridade, em caso de piora da crise hídrica, é a geração de energia elétrica.

Hidrovia Tietê-Paraná opera atualmente em seu limite para navegação (Foto: Marco Aurélio Esparzia/Creative Commons)

 

“Existe uma prioridade que é poupar água para que a gente possa ter energia. Nesse momento de crise, se poupa água e se despacha térmica. Não há o que fazer e vamos tentar ir até o limite do que as modelagens nos proporcionam de segurança”, destacou o ministro Tarcísio de Freitas durante apresentação das entregas de obras de infraestrutura realizadas pelo governo no primeiro semestre.

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No limite

Em reunião com o setor de navegação hidroviária na última quarta-feira (30/6), o ministro pediu que os armadores segurassem ao máximo a situação, numa articulação mensal para avaliar a situação. Atualmente, a hidrovia opera no limite mínimo necessário para a navegação, de 325 metros acima do nível do mar.

Segundo Tarcísio, o governo está fazendo um estudo para avaliar a possibilidade de realizar a navegação por ondas, usando a vasão das barragens das hidrelétricas para permitir a passagem das embarcações nos pontos mais críticos – o que será feito “no limite do possível”.

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“Está sendo feito um estudo e estamos tentando ver se a gente consegue fazer essa navegação por ondas e, naqueles momentos em que são mais importantes para navegação, retém água num período do dia e libera no outro. Mas óbvio, vamos tentar fazer isso no limite do possível”, destacou o ministro.

A medida é uma proposta do próprio setor hidroviário que, com a redução da capacidade da hidrovia, tem operado com um calado de 2,7 metros e 90% da carga total. Caso seja implementada a navegação por ondas, esse calado será de 2,4 metros, com 80% da carga.

Custo logístico maior

Normalmente, as embarcações que operam na Tietê-Paraná carregam até 6 mil toneladas. Com a redução, estão operando com 5,4 mil e poderão chegar até 4,6 mil toneladas se as novas restrições forem implementadas.

De acordo com o diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, o custo adicional do setor para desviar a carga inicialmente contratada no modal hidroviário para o modal rodoviário é de R$ 50 por tonelada, o que representaria cerca de R$ 70 mil a mais no valor do frete de exportação da safra 2020/2021.

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“O negócio da hidrovia é sempre um problema extremamente sério. Porque quando se mexe com exportação e tem que mudar as coisas, alguém está perdendo dinheiro. E quando se mexe com hidrovia, que realmente tem um custo mais barato, começa a se desincentivar o exportador a contar com aquele canal”, explica Mendes.

Ele estima que, em caso de paralisação total da hidrovia, isso levaria a um fluxo adicional de pelo menos 800 caminhões nas rodovias que ligam o interior do país ao porto de Santos.

“As grandes empresas exportadoras ainda conseguem manobrar essa carga, mas para algumas pequenas, a hidrovia é praticamente a totalidade porque elas precisam desse moral para sobreviver com os grandes, uma vez que o custo logístico é o nosso pior custo nosso”, completa o diretor geral da Anec, ao ressaltar os impactos de longo prazo no uso da hidrovia.

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“Mesmo que seja uma restrição parcial, o modal vai perdendo confiança. Porque não é brincadeira você contratar um determinado frete e depois ter que ficar adivinhando em quanto ele vai fechar, se será inteiro ou parcial”, pontua Mendes.
Source: Rural

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