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A indicação do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli ao Prêmio Nobel da Paz 2021 é um reconhecimento ao trabalho visionário de um homem que comandou a revolução agrícola tropical sustentável, com o desenvolvimento de sistemas de produção para o bioma do Cerrado, e mudou o cenário de segurança alimentar no Brasil e no mundo.

É também um prêmio à Ciência, priorizada por Paolinelli para impulsionar esse salto agrícola, e ao modelo cooperativista, que encontrou seu espaço, cresceu e se solidificou a partir das políticas públicas implementadas por ele na década de 1970.

 

De grande importador de alimentos básicos, o Brasil garantiu sua autossuficiência e se transformou no fiel da balança da segurança alimentar mundial. Em 2020, a produção de grãos atingiu 251,9 milhões de toneladas, número 6,4 vezes maior que o registrado em 1970, quando as colheitas geravam apenas 39,4 milhões de toneladas.

E o protagonismo do cooperativismo nesse contexto é indiscutível, uma vez que 53% da safra brasileira é proveniente de produtores rurais associados a cooperativas, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017 (IBGE).

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A história do cooperativismo no Brasil é recente, tem pouco mais de 100 anos, mas sua consolidação se deu a partir de 1971, com a regulamentação da Lei 5.764/71, que disciplinou a criação das cooperativas no país ainda na gestão de Paolinelli no Ministério da Agricultura. A Constituição de 1988, que este ano completa 33 anos de existência, estendeu a autonomia do movimento ao garantir seu poder de autogestão e permitiu ainda mais sua expansão.

Nesse sentido, o cooperativismo brasileiro cresceu com a missão de promover a cultura da solidariedade, gerar desenvolvimento, produtividade e impacto social. Mais ainda: gerar prosperidade. Nos locais onde há cooperativas, a riqueza se espalha, incentivando, inclusive, o empreendedorismo.

O cooperativismo é um modelo de negócio que precisa e deve ser cada vez mais incentivado. Ele propaga dignidade e qualidade de vida

Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB

Prova disso é que um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o Sistema Sicredi, divulgado em fevereiro de 2020, aponta que o cooperativismo incrementa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos municípios em 5,6%, cria 6,2% mais vagas de trabalho formal e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%.

O Brasil conta, atualmente, com mais de 1,2 mil cooperativas agropecuárias que congregam aproximadamente 1 milhão de produtores rurais e emprega 207 mil trabalhadores de forma direta. As estimativas preliminares apontam que os resultados consolidados em 2020 estão acima dos R$ 245 bilhões e as perspectivas são de crescimento em 2021 mesmo com todos os desafios impostos pela pandemia da Covid-19.

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O cooperativismo é um modelo de negócio que precisa e deve ser cada vez mais incentivado. É feito por e para pessoas e, portanto, é um ingrediente essencial para a construção de uma sociedade mais justa por meio da colaboração, equilíbrio, transformação e inclusão.

Ele propaga dignidade e qualidade de vida. E, por isso, todo nosso respeito, admiração e gratidão a Paolinelli e seu legado. O prêmio Nobel da Paz apenas consolidará ainda mais essas conquistas.

*Márcio Lopes de Freitas é presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), criada em 1969 e que hoje congrega mais de 5 mil cooperativas, sendo 1,2 mil do ramo agropecuário.

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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