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Nos últimos 20 anos, houve um notável incremento da área com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) no Brasil, saltando de menos de 2 milhões para cerca de 16 milhões de hectares. Esse aumento se deve em grande medida aos esforços em pesquisa e desenvolvimento aliados a ações de transferência de tecnologia.

Ao longo desse tempo, os sistemas ILPF ganharam visibilidade e reconhecimento como capazes de promover, de forma sustentável, a intensificação do uso do solo e a diversificação da produção em uma mesma área.

Soma-se a isso, outros benefícios indiretos, como o potencial de reduzir a pressão para a abertura de novas áreas para produção, via desmatamento, e a oferta de serviços ecossistêmicos, como a mitigação de gases de efeito estufa. A relevância dos sistemas ILPF foi reconhecida com a Política Nacional de ILPF (Lei nº 12.805/2013) e pela sua inclusão como um dos pilares do Plano ABC e Plano ABC+.

 

O portfólio de projetos em ILPF da Embrapa trabalha com base em “desafios para inovação”, apontados e priorizados pelo setor produtivo. Entre eles, está a recuperação de pastagens degradadas e sua reintegração ao sistema produtivo, item apontado como prioritário pelos produtores.

Em 2018, o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig) estimou em 170 milhões de hectares a área com pastagens no Brasil. Desse total, 97,7 milhões de hectares apresentavam algum indício de degradação, e os sistemas ILPF são alternativas tecnológicas viáveis para a recuperação e manutenção da produtividade desses pastos.

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A recuperação de pastagens utilizando culturas agrícolas tem o propósito de amortizar os custos pela renda obtida com a safra de grãos, cobrindo despesas com a correção do solo e o plantio do capim.

Nesse processo, no ciclo de pecuária, a pastagem se beneficia da adubação residual deixada pela produção de grãos, e o ciclo subsequente de grãos se beneficia pela melhoria das condições físico-químicas do solo proporcionados pela pastagem.

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Startups apostam em ILPF para ampliar mercados na onda da produção sustentável

 

A perspectiva de pagamento por serviços ambientais e a diferenciação de mercado proporcionada pela produção sustentável são vantagens potenciais importantes para quem adota a integração lavoura-pecuária-floresta, pois agregam valor.

É importante dizer que os sistemas integrados também estão agregando sustentabilidade à produção de proteína animal. Com o protocolo Carne Carbono Neutro (CCN), a produção se dá em sistemas de integração que possuem o componente florestal, o qual é responsável pelo sequestro de carbono, possibilitando a neutralização da emissão de metano pelos animais, além de proporcionar conforto térmico pelo sombreamento das pastagens.

Já sob o conceito Carne de Baixo Carbono (CBC) são utilizados sistemas integrados sem o componente florestal, no qual o manejo adequado do pasto proporciona o sequestro de carbono no solo, mitigando as emissões dos animais em pastejo. O desenvolvimento e aplicação desses conceitos de produção sustentável é um novo modelo de inovação e negócios, representando uma importante estratégia de agregação de valor aos produtos agropecuários brasileiros nos mercados internos e externos.

É importante que se mantenha uma atenção especial e apoio às instituições envolvidas em ações de transferência de tecnologia, assistência técnica e extensão rural

Ladislau Skorupa

A ILPF atingiu sua maioridade e sua adoção deverá continuar avançando. Contudo, para que esse avanço ocorra de forma consistente, é importante que se mantenha uma atenção especial e apoio às instituições envolvidas em ações de transferência de tecnologia, assistência técnica e extensão rural, uma vez que são os mediadores naturais entre a pesquisa agropecuária e o produtor rural.

Por fim, é bom lembrar que, mesmo com elevado grau de consolidação no país, em especial no Centro-sul, os sistemas ILPF ainda enfrentam desafios a serem superados. É necessário aprimorar os diferentes sistemas existentes, propor configurações mais adequadas a cada região, continuar a divulgação de informações sobre os sistemas e promover ajustes tecnológicos junto aos atuais adotantes para maximizar os benefícios desses sistemas.

*Ladislau Skorupa é engenheiro florestal, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e presidente do Portfólio ILPF da Embrapa

As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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