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(Foto: Divulgação John Deere)

 

A alta no preço de moléculas começa a preocupar os produtores brasileiros à medida que a safra 2021/2022 se aproxima. De acordo com o consultor Junior Crosara, “o glifosato já registra aumento de 35%, olhando para o mercado da China”.

O percentual se refere ao acumulado de janeiro a abril, em comparação ao mesmo período de 2020, no cenário do Rio Grande do Sul, e tem como base o preço dos insumos agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Já no Mato Grosso, a diferença no preço do glifosato é de 10% em relação ao ano passado. Crosara ainda apresenta dados em que as moléculas propiconazole, azoxystrobina e bifenthrine, que compõem os fungicidas, também estão em alta.

Três são os fatores que compõem a alta, segundo Christian Lohbauer, presidente da CropLife, empresa que representa indústrias químicas, como Basf, Bayer e Corteva: escassez de matéria-prima, efeito em produtos paralelos, como embalagens de plástico e papelão, e o frete. “A redução de navios disponíveis quase triplicou o frete, especialmente da China para o Brasil”, explica.

Ele diz que o aumento do ano passado para o atual foi de cerca de 1,4%. “Teve uma conjuntura que deveria provocar um aumento muito brusco de dois dígitos, mas o mercado não absorve”, diz Lohbauer ao ponderar que, para a safra 2021/2022, a elevação nos preços deve ser mais agressiva.

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Christian Lohbauer, presidente da CropLife

Apesar do incremento nos custos ser esperado para a próxima safra, Lohbauer se mostra confiante sobre a resiliência do produtor, que “está num momento de liquidez” e deve conseguir recuperar o investimento nos produtos importados com a bonança atual das exportações.

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Nesta semana, a Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) afirmou à agência Reuters que houve “aumento generalizado (de preços) das matérias-primas". "Começamos a ter falta de produtos também", disse o presidente da entidade, Júlio Borges Garcia.

Assim como o executivo da CropLife, Garcia também apontou a logística como fator complicador. “O produtor se antecipou e tem boa parte dos defensivos negociados, agora precisamos ver se as empresas vão conseguir honrar as entregas", disse.

Procurada, a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) afirmou não ter recebido informações sobre aumento nos preços do produto.

A redução de navios disponíveis quase triplicou o frete, especialmente da China para o Brasil

Christian Lohbauer, presidente da CropLife

Queda de produtividade

Diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Gabriel Colle conta que, apesar de não estar inserido diretamente no mercado de defensivos, já sente o impacto da alta dos preços, pois o produtor que faz a contratação de aviões para aplicação tem reclamado muito dos valores.

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“O produtor já está querendo travar esse preço, porque não se sabe o limite. Pode baixar, mas a chance de aumentar é muito maior”, indica ele ao mencionar que, no médio prazo, a consequência pode ser queda de produtividade.

Mudança no planejamento das aplicações, busca por produtos mais baratos ou ainda a diminuição no volume de aplicações são alternativas que o produtor ainda não começou a levar em consideração, segundo Colle. Mas ele pondera que, podem sim, se tornar plano B.

“Nessa safra, os preços das commodities estão muito bons, mas se o preço de soja, arroz e milho começar a baixar, aí a gente vai ver o produtor querer utilizar menos adubo, defensivo”, prevê.

Colle estima que os preços não devem permanecer tão favoráveis por muito tempo. “Uma hora eles vão cair, porque isso tem a ver com o consumo. Aí vamos ter problemas na aplicação de produtos e diminuição de produtividade”, observa. Lohbauer é mais otimista: “No momento atual, acho que não acontece”.

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Source: Rural

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