Skip to main content

(Foto: Pretaterra/Divulgação)

 

 

 

A suspensão da contratação de linhas de crédito rural subvencionadas pelo governo federal via Plano Safra 2020/2021, determinada nesta semana pela Secretaria do Tesouro Nacional, causará impactos diferentes no campo nas próximas semanas.

Com a taxas básica de juros em alta, a ausência da equalização proporcionada pelos programas federais de financiamento agropecuário terá maior peso justamente entre pequenos produtores com maior dificuldade de acesso a crédito.

“De uma forma ou de outra os grandes produtores acabam se financiando. Agora, o pequeno e médio produtor, que depende muito do crédito por meio das instituições financeiras, principalmente um recurso que tem algum nível de equalização, é o público que vai ser mais afetado por essa suspensão”, avalia a assessora técnica de política agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fernanda Schwantes.

saiba mais

Governo suspende novas contratações de crédito rural no Plano Safra 2020/21

Recomposição de recursos do Plano Safra deve ser votada na próxima semana

 

De acordo com o Ministério da Economia, dos R$ 72,9 bilhões de recursos disponibilizados para o Plano Safra 2020/2021 com subvenção do Tesouro Nacional, R$ 63,5 bilhões já foram contratados, restando R$ 9,4 bilhões – que foram afetados pela suspensão desta semana.

Com a safra quase se encerrando, o valor seria destinado principalmente para as contratações pré-custeio da próxima temporada.

“Em geral, esse é um volume de recurso que as instituições financeiras colocam como recurso de pré-custeio, que é antes de ser lançado o valor de custeio da safra nova. E, nesse cenário de aumentos significativos de custos de produção em relação à safra passada, em que muitos produtores poderiam estar adiantando a compra de insumos, esse recurso não vai estar disponível”, lembra a assessora técnica de política agrícola da CNA.

saiba mais

Ministra vê Brasil produzindo mais em 2022, mas pede orçamento para Plano Safra

Governo envia projeto de lei para recompor Plano Safra com "verba extra" de R$ 1,1 bilhão

 

 

Segundo ela, o setor ainda teme que o crédito suplementar solicitado pelo Executivo ao Legislativo não seja aprovado integralmente, já que foram incluídas quatro emendas no projeto original e as negociações ainda dependem da votações dos vetos presidenciais ao orçamento, sancionado há duas semanas.

“A nossa expectativa é de que seja aprovado o volume total de recursos previsto. Mas a gente não sabe exatamente como está acontecendo a negociação entre governo e Congresso para ver qual o volume exato de recursos que vai ser aprovado. O que está no projeto é a necessidade do setor. É o que foi cortado na LOA (Lei Orçamentária Anual) e que agora está sendo recomposto”, observa Fernanda.

No total, o projeto de lei enviado pelo executivo (PLN 4) solicita a abertura de crédito suplementar de R$ 19,8 bilhões, dos quais R$ 3,68 bilhões para subvenção aos programas de financiamento agropecuário do Plano Safra.

saiba mais

Crédito rural supera R$ 200 bi e ministério garante que Plano Safra será executado

"Vamos incentivar o plantio de milho no novo Plano Safra", diz ministra da Agricultura

 

Menor poder de compra

De acordo com o professor da USP e da FGV, Marcos Fava Neves, mesmo que o Legislativo aprove a recursos suficientes para repetir os valores do último Plano Safra, na prática, a alta nos custos de produção no último ano deverá reduzir o poder de compra dos produtores na próxima temporada, que se inicia em julho.

“O produtor vai conseguir comprar menos porque o preço de tudo subiu. Houve uma inflação nos preços dos insumos e, proporcionalmente, ele vai conseguir comprar menos do que conseguiu no ano passado”, comenta o especialista em agronegócios.

Com o crédito travado até a definição do Congresso, Fernanda, da CNA, destaca que o impacto maior se dará justamente no próximo Plano Safra, que pode ter seu anúncio atrasado quanto maior for a demora para a aprovação do PLN 4.

Em duas semanas, vamos estar praticamente no fim de maio e o governo ainda vai estar negociando com as instituições financeiras qual vai ser o volume de recursos que vai conseguir anunciar para a safra 2021/2022. Quanto mais tempo demorar para o Congresso definir o volume de recursos que o governo tem para a equalização da taxa de juros, mais vai demorar o lançamento do Plano Safra 2021/2022

Fernanda Schwantes, assessora técnica de política agrícola da CNA

 

Fernanda ainda analisa a previsão dada pela Bancada Ruralista de que a aprovação do projeto de lei ocorrerá até a próxima semana. “As negociações devem estar considerando vários cenários, mas certeza o governo só vai ter mesmo quando o Congresso definir qual o volume de recursos que ele está autorizado a gastar”, conclui.

saiba mais

Alta dos juros e aperto fiscal podem deixar Plano Safra menor para 2020/21

 
Source: Rural

Leave a Reply