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(Foto: Getty Images)

 

Caminhando a passos lentos, a vacinação contra a Covid-19 é apontada pela indústria e analistas de mercado como fundamental para a retomada da indústria de carne bovina no Brasil após o setor atingir ociosidade de mais de 60% em alguns Estados – o triplo do considerado normal para o país.

“O Brasil vive uma situação ainda muito difícil e tudo, de certa forma, está girando em torno da pandemia”, destaca o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Paulo Mustefaga. Segundo ele, o setor vê no avanço do plano de imunização e na retomada do setor de bares e restaurantes uma das poucas saídas para a demanda interna no país.

“Logicamente que tudo vai girar em torno do quão o país vai ser eficiente para poder ofertar a vacina para a população. Se a gente conseguir solucionar essa questão da vacinação rapidamente, ainda no início ou no meio do segundo semestre, a tendência é voltar às atividades econômicas normais e aí o mercado pode reagir em função disso”, avalia o representante da indústria frigorífica

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Ele também destaca a importância do auxílio emergencial, mas observa que a redução dos valores e do número de beneficiários deixa poucas esperanças de que o programa gere impactos no setor de carne bovina após os preços ao consumidor terem apresentado alta de mais de 30% desde o ano passado.

“Um auxílio emergencial de R$ 300 não vai fazer milagre. Por isso, a gente conta com a retomada da economia para poder repassar preços, mas ainda assim não muito porque a carne já está muito cara”, ressalta o pesquisador do Centro de Inteligência da Carne da Embrapa, Guilherme Cunha Malafaia, ao lembrar que consumo per capita do país em 2020 foi o menor em mais de duas décadas, com 27,6 quilos por habitante – queda anual de 9,8%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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Frango desponta

O analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, concorda. De acordo com ele, o auxílio tende a favorecer o consumo de cortes mais baratos, como o dianteiro, mas, mesmo nesses casos, os valores já se aproximam os cobrados pelo traseiro.

“A predileção do consumidor brasileiro neste momento é pela carne de frango. Até pela condição econômica, a preferência é pela proteína animal mais acessível e essa é, sem sombra de dúvidas, a do frango”, completa Iglesias ao também destacar a necessidade de avanços na vacinação para a retomada do setor.

“Precisa haver uma melhora da demanda doméstica e, para isso, é preciso que a vacinação caminhe, que haja uma retomada mais consistente da atividade econômica sem risco de colapso no sistema de saúde”, afirma o analista de mercado.

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A avaliação do economista e coordenador da FGV-IBRE, André Braz, é a mesma. Segundo ele, a imunização é fundamental para a retomada do investimento externo no país e, consequentemente, do crescimento econômico.

“Se não houver vacinação, isolamento e respeito às normas para conter o avanço da pandemia, a gente não vai conseguir sair desse cenário. Não vai haver luz no fim do túnel e nenhum agente econômico vai se sentir convencido a investir aqui”, completa o economista ao criticar a postura do governo diante da atual crise sanitária e econômica.

Os discursos [do governo] são catastróficos. Quando um agente público de envergadura pega o microfone e diz que isso não é nada ou minimiza o problema, é um tiro no pé. São vários pontos percentuais a menos no PIB que vamos ter em cada uma dessas declarações porque aumenta a incerteza

André Braz, economista e coordenador da FGV-IBRE

“Esse problema está muito longe de ser resolvido. A política de vacinação vai muito lenta. Há o anúncio de compra de tantas vacinas, mas só chega metade. Aí não vacina, tem roubo de vacina, uso indevido de vacinas”, afirma Braz, ao pontuar que a vacina já deveria estar sendo aplicada na população economicamente ativa.

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Source: Rural

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