Skip to main content

A soja verde brasileira produz grãos grandes e com sabor suave, com potencial de ampliar o consumo de um alimento ainda pouco difundido no Brasil (Foto: Kadijah Suleiman/Embrapa )

 

A inspiração vem do grão popularmente consumido no Japão e em outros países asiáticos, mas a tecnologia é brasileira. A Embrapa lança a cultivar de soja BRS 267, a primeira variedade do Brasil desenvolvida para ser consumida verde, o que é conhecido como edamame. Com textura similar a grão-de-bico, ervilha e alguns feijões, a soja verde brasileira produz grãos grandes e com sabor suave, com potencial de ampliar o consumo de um alimento ainda pouco difundido no país.

Recomendada como boa opção para agricultores familiares e orgânicos, precisa ser colhida primordialmente verde para oferecer qualidade sensorial e nutricional diferenciada. “A BRS 267 deve ser colhida no estádio R6, com os grãos formados, verdes e completamente cheios. Esse período de colheita é muito curto e dura de dois a quatro dias”, explica o pesquisador da Embrapa Soja (Londrina), José Ubirajara Moreira, de acordo com informe da Embrapa.

Ainda segundo a publicação, o cultivo da soja para edamame apresentou bons resultados em diferentes condições de clima e solo. Inicialmente recomendada para Santa Catarina, Paraná, São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul, a cultivar também teve bom desempenho no Rio de Janeiro.

A unidade Agroindústria de Alimentos da empresa, localizada na capital fluminense, desenvolveu protocolos de processamento utilizando edamame produzido em lavouras no próprio estado, por meio de parcerias com agricultores.

“A experiência e o interesse dos agricultores familiares orgânicos são uma grande vantagem. Trata-se de uma oportunidade de diversificação da produção agropecuária com a inserção dessa cultivar”, destaca o pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Mauro Pinto, que considera o interesse dos consumidores e a facilidade de preparo da soja para edamame como vantagens competitivas importantes para a expansão desse mercado.

Segundo a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (Rio de Janeiro), Claudia Jantalia, a ausência da cultura da soja no estado fez com que a incidência de pragas e doenças fosse baixa. As características edafoclimáticas testadas fizeram com que a cultura reduzisse o ciclo em relação a outras regiões como o Paraná, o que a torna uma opção interessante para o produtor fluminense.

Processamento e cozimento

Grãos de edamame em salada (Foto: Kadijah Suleiman/Embrapa )

 

Assim como toda soja, a cultivar BRS 267 deve ser cozida antes de ser consumida. Para estabelecer etapas e condições de processo que possam ser facilmente reproduzidas em cozinhas ou agroindústrias familiares, a Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro) realizou procedimentos que avaliaram e verificaram a efetividade do tempo de cozimento na inativação dos fatores antinutricionais, tornando o produto seguro para o consumo. “Podemos cozinhar tanto as vagens quanto os grãos já debulhados”, disse a pesquisadora Ilana Felberg.

A etapa de cozimento das vagens requer fervura em água e a recomendação é que o tempo seja de 20 minutos. Após o cozimento, é necessário escorrer a água e, em seguida, mergulhar o recipiente com as vagens em água fria ou passar em água corrente até que esfriem, para interromper o cozimento e evitar seu amolecimento excessivo.

Depois da retirada do excesso de água, o produto pode ser acondicionado em embalagens adequadas ao tipo de estocagem. “O armazenamento pode ser por até cinco dias em temperatura de refrigeração, entre dois e oito graus Celsius, ou por até um ano em temperatura de congelamento de 18 graus negativos”, acrescenta pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Renata Torrezan.

A pesquisadora alerta que, mesmo em pequena escala ou artesanal, o edamame precisa passar por processamento térmico antes do consumo. Os procedimentos necessários estão detalhados no manual “Processamento de edamame em vagens para agroindústria de pequeno porte” e também estão sujeitos às legislações sanitárias municipais e estaduais de cada localidade.

Licenciamento

Na safra 2020/2021, a Empresa realizou a produção da categoria de semente genética da cultivar, uma classe que, posteriormente, é ofertada para empresas e produtores de sementes que atuam no mercado. Embora já esteja em negociação com duas empresas, a Embrapa afirma continuar aberta a novas parcerias com produtores para ampliar o volume disponível a cada safra.

A Embrapa lembra que a tecnologia é destinada a um nicho de mercado que requer atenção especial. Há o consumo direto do grão e agregação de valor. Envolve também a produção segregada de sementes.
Source: Rural

Leave a Reply