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Plantio no próximo ciclo agrícola pode ser feito com menor volume de recursos no Plano Safra, avaliam economistas (Foto: Arquivo AEN)

 

Após a decisão do Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) de elevar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros no país e em meio às dificuldades do governo para contar o gasto público em pleno avanço da fase mais grave da pandemia de Covid-19 até o momento, a edição de um Plano Safra maior que o aprovado no ano passado, de R$ 236,3 bilhões, é tida como algo cada vez mais difícil. A avaliação é de economistas ligados ao setor agropecuário ouvidos por Globo Rural.

“Se a gente conseguir, em termos reais, empatar com o ano passado, eu acho que já vai ser uma ótima notícia”, avalia o coordenador do mestrado profissional em Agronegócios da FGV, Felippe Serigati, ao traçar as perspectivas para o crédito para a agropecuária no país após o anúncio do Copom, feito na semana passada.

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Ele lembra que, embora a Selic tenha permanecido em sua mínima histórica ao longo dos últimos oito meses, o reajuste sinalizado pelo Banco Central mantém a taxa atual, de 2,75%, abaixo do observado em igual momento do ano passado, quando a Selic estava em 3,75%.

Em queda desde 2016, naquele momento a taxa básica de juros permitiu o lançamento de um Plano Safra com juros de 2,75% a 4% ao ano nas linhas para agricultura familiar e de 5% a 7% ao ano para médios e grandes produtores.

“Lá pra maio do ano passado, essa taxa estava em 3,75%. Então, considerando que em maio tenha um aumento de 0,75 e cheguemos a 3,5%, e, no encontro seguinte, dê mais um aumento de meio ponto, será uma situação muito próxima do momento em que o plano safra atual era formulado”, aponta o economista, para quem a mínima histórica de 2% foi algo “excepcional”.

“Mesmo que a Selic esteja operando a mais de 4,75% no momento de definição do Plano Safra deste ano, para padrões brasileiros, ainda assim é uma taxa de juros muito baixa”, completa Serigatti.

Recursos para equalização

Com opinião semelhante, o professor de economia da Esalq/USP Carlos Bacha ressalta que a grande indefinição deste ano é o volume de recursos a ser destinado para a equalização das taxas oferecidas. “Isso vai depender muito da força da bancada ruralista entre conseguir alocar mais subsídios ao crédito rural ou pagar o auxílio emergencial. Essa, sim, é uma tendência de diminuir um pouco por conta do teto fiscal”, aponta o economista.

A saída encontrada pelo governo nesses casos, lembra Bacha, tem sido deslocar parte do recurso de equalização de juros para o programa de subvenção ao seguro rural – onde o impacto orçamentário para o governo é menor. 

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“Não há nenhuma perspectiva de aumento da subvenção (ao crédito rural). Se ficar como está é o adequado, mas provavelmente não fica por conta do ajuste fiscal”, avalia Bacha ao lembrar que, além do crédito e do seguro, há subvenção para a garantia de preços mínimos. “O crédito rural oferece um prejuízo ao governo muito maior do que o seguro. Então, se ele aumentar a subvenção do seguro em 20% e isso representar um impacto orçamentário de 50 milhões, no crédito esse impacto iria a R$ 500 milhões”, explica o professor da Esalq

Bacha ressalta, no entanto, que “ainda é cedo” para qualquer definição de como será o próximo Plano Safra. “Os produtores estão garantidos até 30 de junho. A questão é como fica a partir de 1 de julho e, provavelmente, se ficar como está, vai ser de bom tamanho. E há grande chances de ficar como está na taxa de juros, mas não na subvenção do crédito”, conclui Bacha.
Source: Rural

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